tag:blogger.com,1999:blog-28248820895692646842024-03-14T03:58:02.850-03:00quero SER mais HUMANOMenos Hipocrisia | Menos Moralidade Vazia | Mais HUMANOBruno Montarroyoshttp://www.blogger.com/profile/02780244964291070484noreply@blogger.comBlogger90125tag:blogger.com,1999:blog-2824882089569264684.post-72511054700070088942022-02-28T13:26:00.005-03:002022-02-28T13:26:52.709-03:00Quanto mais confiarmos, mais evoluiremos<p><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; text-align: justify; white-space: pre-wrap;">Bruno Montarroyos</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0.0pt; margin-top: 0.0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">28/02/2022</span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0.0pt; margin-top: 0.0pt; text-align: justify; text-indent: 28.346456692913378pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Você já parou para pensar no quanto é importante confiarmos uns nos outros em nossa sociedade? Como? Você não confia nas pessoas? Isso não é verdade! Você confia sim, só talvez não tenha percebido o quanto confia.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0.0pt; margin-top: 0.0pt; text-align: justify; text-indent: 28.346456692913378pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Se você dirige ou usa qualquer meio de transporte motorizado, por exemplo, está confiando em todos os outros motoristas e pedestres. Imagine se você não confiasse que cada um se manterá em sua própria mão. Se você acreditasse que qualquer outro motorista iria invadir a contramão e colidir de frente com o veículo que você está, você estaria mesmo nesse veículo? Claro que não. Mas você nem pensa nisso, o que mostra que além de confiar ainda confia cegamente. Confia que os pedestres não ficarão tentando pular na frente do seu veículo em movimento. Confia que o seu veículo não explodirá de uma hora para outra. Ou seja, você confia em quem projetou, fabricou, cuidou da manutenção ou abasteceu o veículo em que você está se locomovendo.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0.0pt; margin-top: 0.0pt; text-align: justify; text-indent: 28.346456692913378pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Se você trabalha, então passa o mês inteiro se esforçando na confiança de que será pago no final do mês. Você come confiando nas pessoas que participaram do processo de produção do seu alimento. Você não vive esperando encontrar veneno ali toda hora que vai comer. Você compra um aparelho doméstico e confia que ele vai funcionar e que será seguro você usar, isso porque você está confiando nas pessoas que estiveram envolvidas na produção daquele bem.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0.0pt; margin-top: 0.0pt; text-align: justify; text-indent: 28.346456692913378pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Ao tomar qualquer medicamento, você confia no médico que receitou (ou na pessoa que indicou, infelizmente acontece), confia em quem fabricou, em quem descobriu a fórmula e as interações, em quem informou os limites dos efeitos colaterais.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0.0pt; margin-top: 0.0pt; text-align: justify; text-indent: 28.346456692913378pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Eu poderia escrever um livro inteirinho só citando exemplos que demonstram que a maior parte do nosso tempo estamos confiando sim, nas outras pessoas, do nosso presente e do passado também, no conhecimento acumulado em soluções conhecidas.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0.0pt; margin-top: 0.0pt; text-align: justify; text-indent: 28.346456692913378pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Se isso fosse diferente, se começássemos a desconfiar das outras pessoas em tudo, viveríamos o caos, cada um por si e contra todos e rapidinho seríamos extintos como humanidade, quiçá como planeta inteirinho.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0.0pt; margin-top: 0.0pt; text-align: justify; text-indent: 28.346456692913378pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Logo, não faz sentido adotar um comportamento arrogante de não confiança no outro. A nossa constante evolução como sociedade depende da humildade de reconhecer que somos limitados, que precisamos uns dos outros para viver melhor, que podemos confiar uns nos outros. Podemos confiar nas conclusões que outras pessoas, que se dedicaram a estudos de elementos específicos, chegaram nas áreas que escolheram atuar.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0.0pt; margin-top: 0.0pt; text-align: justify; text-indent: 28.346456692913378pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Ao reconhecer humildemente a minha limitação e entender que posso confiar nas pessoas, estarei mais protegido de seguir por caminhos que nos atrasam como sociedade. Eu direi: Eu apanhei quando era criança e mesmo acreditando até hoje que isso estava correto, confio nas pessoas que se dedicaram a estudar isso e descobriram que essa violência mais prejudica do que ajuda (alguém ainda acredita que ajuda). Mesmo não conseguindo enxergar em mim mesmo sequelas disso, eu confio nos estudos e humildemente reconheço a minha limitação nessa área, aceitando que superamos isso e não devemos repetir esse comportamento de bater em crianças.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0.0pt; margin-top: 0.0pt; text-align: justify; text-indent: 28.346456692913378pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Quando eu reconhecer humildemente a minha limitação e entender que posso confiar nas pessoas eu direi: Eu não entendo muito bem como conseguiram fazer uma vacina tão mais rápido do que as outras que já existiam, mas eu confio nas pessoas que estudaram isso e que estão dizendo que é segura. Afinal, eu viajei ou viajaria de avião sem questionar tanto como antigamente, de burro, levava tanto mais tempo para chegar de um lugar ao outro. Vou tomar a vacina e vou dar aos meus filhos, porque reconheço a minha limitação nessa área e confio nas pessoas que estudam isso. Não preciso saber sobre tudo! Ninguém saberá sobre tudo. Basta confiarmos uns nos outros.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0.0pt; margin-top: 0.0pt; text-align: justify; text-indent: 28.346456692913378pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">No momento em que eu reconhecer humildemente a minha limitação e entender que posso confiar nas pessoas eu direi: Os três poderes existem para que nenhum poder abuse de sua autoridade. Por isso um presidente, governador ou prefeito não pode ter em sua função todo o poder. Eles precisam de um legislativo e um judiciário igualmente fortes, para que nenhuma das partes se sobressaia de modo a promover um governo tirânico. Eu confio que, apesar dos desvios que existem em toda a relação humana, esses poderes estarão fazendo o seu trabalho e promoverão um equilíbrio saudável ou, no mínimo, menos prejudicial do que o que existiria em sua ausência.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0.0pt; margin-top: 0.0pt; text-align: justify; text-indent: 28.346456692913378pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Nem tudo é perfeito. Nunca será! Mas podemos dizer que estamos evoluindo sim, como sociedade. Está cada vez mais difícil errar escondido, seja no trânsito, na ciência, na política, em casa ou na praça. Está cada vez mais difícil para um país declarar guerra contra um outro e encontrar apoio para isso. Há cada vez mais resistência e sanções. Está cada vez mais difícil exercer violência contra negros, mulheres, crianças, idosos ou queers sem enfrentar uma grande resistência da sociedade. Erros devem ser apontados e tratados, não materializados em pessoas (essa pessoa é certa e aquela é errada), mas com foco em ações e comportamentos (esse comportamento está inadequado, aquela ação está errada).</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0.0pt; margin-top: 0.0pt; text-align: justify; text-indent: 28.346456692913378pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Desconfie (isso sim) quando alguém quiser induzir você a perder a confiança em tudo e em todos, a enxergar conspirações e maldade em tudo o que é lado, menos do lado de quem está te contando a história. Essa é uma estratégia antiga para buscar seguidores que se tornem reféns. Se chego para você e começo a dizer pra você deixar de confiar na ciência (não tome vacina, ser gay é escolha, negros tem igualdade de condições), na política (o partido x é corrupto, a direita é opressora, a esquerda é perigosa), no judiciário (O STF é comprado, o TSE manipula as urnas), no legislativo (O congresso é um bando de ladrão, o senado está contra o povo), nas outras esferas de poder (o governador está mentindo, o prefeito está enganando vocês), enfim, se digo para você desconfiar de tudo e de todos, te torno refém de confiar apenas em mim. E aí tudo o que eu disser vira verdade. E aí eu me torno a ciência, a política, o legislativo, o executivo, o judiciário, a única autoridade para dizer o certo e o errado nas artes, na educação, em tudo. Isso se chama tirania, autoritarismo e a estratégia para alcançar essa condição já em bem conhecida.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0.0pt; margin-top: 0.0pt; text-align: justify; text-indent: 28.346456692913378pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">A experiência nos mostra que vale a pena confiarmos uns nos outros. Que vale tanto a pena que em geral exercemos essa confiança de forma quase cega na maioria das vezes. Confiamos tanto uns nos outros que nos locomovemos em veículos motorizados e até voando, tomamos medicamentos que não entendemos bem como funcionam, nos submetemos a cirurgias e tratamentos, nos alimentamos de uma diversidade de coisas, trabalhamos para só receber depois, pagamos para só receber depois o bem, casamos, separamos.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0.0pt; margin-top: 0.0pt; text-align: justify; text-indent: 28.346456692913378pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">E em geral dá tão certo confiar que quando essa confiança é quebrada nós queremos reparações. Seja nos acidentes de trânsito, seja quando um remédio dá errado ou uma cirurgia vai mal, seja quando o que comemos nos deixa com aquela dor ou infecção, isso tudo está tão fora do normal que buscamos reparações. Isso porque sabemos que vale a pena, sim, confiar. Confiamos, inclusive, que quando as coisas derem errado, será possível buscar reparações.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0.0pt; margin-top: 0.0pt; text-align: justify; text-indent: 28.346456692913378pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Se um motorista infringir as leis de trânsito e isso prejudicar alguém, sabemos que isso pode ser tratado, que há instâncias para lidar com isso. Se um médico for negligente ou o motorista do ônibus que tomei, será possível recorrer e buscar reparações.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0.0pt; margin-top: 0.0pt; text-align: justify; text-indent: 28.346456692913378pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Podemos confiar uns nos outros, confiar nas instituições criadas ao longo da história. Ao mesmo tempo que podemos continuar tratando as ações e comportamentos errados e reconhecendo e valorizando as ações e comportamentos acertados Ao mesmo tempo em que identificamos as estruturas que não mais atendem às nossas necessidades e lutamos para atualizá-las, substituí-las ou, simplesmente, eliminá-las.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0.0pt; margin-top: 0.0pt; text-align: justify; text-indent: 28.346456692913378pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Quanto mais conseguirmos buscar uma atitude humilde, que reconhece a nossa própria limitação, ao lado de uma atitude de confiarmos uns nos outros, mais evoluiremos. Quanto mais evitarmos de generalizar erros e acertos (O congresso é mau, o presidente X é bom, o judiciário é corrupto, todo político é ladrão, o partido Y é santo), mais evoluiremos. Quanto mais buscarmos focar em comportamentos e ações (Essa atitude X do Presidente Y foi um erro por causa disso, não concordo com essa decisão do STF porque prejudica isso e aquilo, foi muito acertado esse comportamento do Governador Z, apesar de o meu candidato estar na oposição), mais evoluiremos como humanidade.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0.0pt; margin-top: 0.0pt; text-align: justify; text-indent: 28.346456692913378pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Sim, o mundo hoje é melhor do que antes e continuaremos melhorando. Somos melhores como humanidade hoje do que no passado e continuaremos evoluindo. E se temos mais notícias ruins do que boas é simplesmente por causa da seleção que é feita. Enquanto um motorista raivoso saiu do seu carro, espancou um outro motorista e isso saiu em todos os jornais do mundo inteiro, centenas de outros motoristas estavam no mesmo local fazendo a coisa certa e isso não vai ser noticiado em nenhuma mídia. O mundo não está pior, apenas os nossos olhos.</span></p>Bruno Montarroyoshttp://www.blogger.com/profile/02780244964291070484noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2824882089569264684.post-90751382081214758782017-01-11T15:29:00.000-03:002017-01-11T15:29:37.637-03:00Morte aos Verdes<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: right; text-indent: 27pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.6667px; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><i>Por Bruno Montarroyos</i></span></div>
<b id="docs-internal-guid-2c7c29f9-8ec4-fa7b-4a4e-44123f0b2536" style="font-weight: normal;"><br /></b>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify; text-indent: 27pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Era uma sociedade diferente aquela. Pessoas em filas para inúmeras pistas de corrida. Basicamente dois tipos de pessoas, as verdes e as azuis.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify; text-indent: 27pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify; text-indent: 27pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Os seres humanos azuis eram belíssimos, vistosos, fortes, dava gosto de se ver. Já os verdes, só de olhar para eles, muitas vezes a reação primeira era o medo.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify; text-indent: 27pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify; text-indent: 27pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">A atividade diária de cada um era bem clara: Correr. Sim, correr. A pista não era em metros, mas em horas. Uma pista que tinha exatamente o tamanho de oito horas e não importava a velocidade, a chegada estaria a oito horas de distância da largada.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify; text-indent: 27pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify; text-indent: 27pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Bem próximo à chegada havia algumas pessoas elegantes bloqueando a passagem até a linha de chegada. As regras diziam que era necessário pedir com delicadeza, educação, calma, tranquilidade, paz, determinação e fé para que as pessoas elegantes saíssem do caminho. Se o pedido fosse conforme previsto nas regras, então as pessoas elegantes liberariam o caminho até a linha de chegada. Bem simples!</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify; text-indent: 27pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify; text-indent: 27pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">A qualidade de vida de cada pessoa ia sendo determinada pela quantidade de vezes que elas conseguiam cruzar a linha de chegada sem infringir as regras. Acesso a comida, a água, a lazer, à liberdade, etc., tudo era determinado pelas premiações ou penalidades. Infringir as regras era passível de duras penas. Tentar agredir ou empurrar as pessoas elegantes que bloqueiam a linha de chegada tinha como resultado espancamento, restrição da liberdade, proibição de acesso a água e comida, dentre outras.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify; text-indent: 27pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify; text-indent: 27pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Desde antes de nascer, ainda na barriga da mãe, ou mesmo recém-nascidos, todos participavam desta atividade até o final da juventude. As mães precisavam carregar os seus filhos enquanto eles mesmos não pudessem correr.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify; text-indent: 27pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify; text-indent: 27pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">As pistas eram sempre duplas, um lado verde e um azul, mas quem corria de um dos lados não conseguia ter a visão do outro.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify; text-indent: 27pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify; text-indent: 27pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Ao mesmo tempo em que era liberado um verde para iniciar a corrida, era liberado um azul.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify; text-indent: 27pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">A multidão de verdes e azuis que esperavam a sua própria vez de correr podiam acompanhar uma cobertura sensacional pelos telões.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify; text-indent: 27pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify; text-indent: 27pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Mas os telões só mostravam na cobertura o caminho completo dos azuis. O único trecho do caminho dos verdes que aparecia na cobertura dos telões era a chegada. Bem, isso não seria um problema, porque era só prestar atenção ao percurso dos azuis, da largada à chegada e imaginar que o dos verdes seria igual, apenas mudando a cor.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify; text-indent: 27pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify; text-indent: 27pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">As chegadas eram, de fato, iguais, a verde e a azul. Todavia, havia diferenças no caminho.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify; text-indent: 27pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">A pista dos azuis era perfeitamente conservada. Ao longo do caminho havia água disponível, e até paradas para refeições e descanso. Além disso havia uma torcida gritando palavras de motivação e até ajudando quando preciso em alguma dificuldade.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify; text-indent: 27pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify; text-indent: 27pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">A pista dos verdes era cheia de buracos e armadilhas. Não havia água, nem refeições ou descanso no caminho, pelo contrário, havia diversos obstáculos e ainda carrascos que tornavam a corrida ainda mais dura para os verdes. Violência física e moral. Gritavam palavras de ódio, de desencorajamento, espancavam, jogavam pedras, coisas podres, mas como já falado, essa parte não saía na cobertura dos telões.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify; text-indent: 27pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify; text-indent: 27pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Todos podiam ver o que acontecia nas chegadas de todas as pistas, em forma de cobertura espetacular. Era possível ver a grande maioria dos azuis pedirem com delicadeza, educação, calma, tranquilidade, paz, determinação e fé às pessoas elegantes para saírem do caminho e, então, cruzavam felizes a linha de chegada. Apenas alguns poucos chegavam mal humorados e não conseguiam o controle suficiente para seguir as regras e terminavam sendo punidos, mas com toda a delicadeza, afinal, eram azuis, belos, fortes e davam gosto de se ver. Pra dizer a verdade, por serem azuis, muitas vezes nem eram punidos. Afinal, a sociedade é tão beneficiada com gente importante assim, não é verdade?</span></div>
<b style="font-weight: normal;"><br /></b>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify; text-indent: 27pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Ao mesmo tempo era possível ver como a grande maioria dos verdes chegavam descontrolados. Como não conseguiam pedir às pessoas elegantes conforme a regra, com delicadeza, educação, calma, tranquilidade, paz, determinação e fé, logo não eram atendidos. Revoltados, tentavam cruzar a linha de chegada com o uso da força, da violência, do desespero, machucando as pessoas elegantes. Não adiantava muito, pois alcançar a linha de chegada fora das regras, pelo menos para os verdes, significava, no lugar de premiações, duras penas, severas, violentas, dolorosas. Todavia, alguns poucos verdes, pouquíssimos mesmo, conseguiam manter o controle apesar de todas as dificuldades. Conseguiam seguir as regras e cruzar a linha de chegada. Sim, é verdade que algumas vezes mesmo conseguindo o controle para seguir as regras, alguns verdes não conseguiam que as pessoas elegantes quisessem sair da frente. As pessoas elegantes às vezes diziam que um olhar do verde teria indicado uma intenção que poderia significar falta de fé, ou coisa parecida. E davam a punição, devida e indevida. Mas são verdes, não é verdade? Que falta fariam a essa sociedade?</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify; text-indent: 27pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify; text-indent: 27pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Casa pessoa voltaria a correr no outro dia, mesmo as penalizadas. Cada um voltaria a correr, dia após dia, até os dezoito anos completos, lembra? Voltariam a correr no outro dia, carregando os frutos de suas premiações ou de suas penalidades. Principalmente no caso dos verdes, muitos morriam antes de completar os dezoito anos, seja pelo acúmulo de penalidades das corridas, seja por serem exterminados pelo ódio popular. Isso explico abaixo.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify; text-indent: 27pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify; text-indent: 27pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Enquanto assistiam à cobertura espetacular pelos telões, todas as pessoas, inclusive as verdes, achavam que os verdes eram, de fato, pessoas muito más. Afinal é possível ver nos telões como elas são violentas, verdadeiros animais. Os telões mostram que ambos os corredores, o verde e o azul, saem em igualdade de condições, apesar de suas aparências físicas e de saúde, e a chegada é exatamente igual. É óbvio que os verdes são maus e os azuis são bons. Sim, há uns poucos verdes bons e uns menos ainda azuis maus, mas isso é só a exceção. Todavia essa exceção torna óbvio que todo verde poderia ser bom se assim o quisesse, não acha? Se uns conseguem porque todos os demais não conseguiriam? Obviamente porque não se esforçam o suficiente, bando de preguiçosos maus. Enfim, justa essa sociedade é sim, mas só falta exterminar todos os verdes infratores para que seja perfeita. E era isso o que a multidão conversava e repetia e aumentava o coro: Morte aos verdes infratores! Morte aos verdes infratores! Com certeza era a solução para os problemas daquela sociedade. E os próprios verdes que assistiam engrossavam o coro. A cobertura espetacular dos telões e a multidão endossando representavam uma veracidade infalível, cheia de autoridade.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify; text-indent: 27pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify; text-indent: 27pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Acontece que alguns verdes conseguiam enxergar a pista dos verdes também, fora dos telões. E se revoltavam contra o que acontecia em seu percurso. Eles gritavam outros sons. Não pediam a morte dos verdes infratores, mas pediam que houvesse punição aos carrascos, conserto dos buracos da pista dos verdes, que houvesse também água, refeições e descanso no caminho, que houvesse palavras de estímulo e ajuda também. Mas esse grito era recebido com vaias, com palavras de ódio que cresciam. A multidão achava sem sentido esse grito destoante. Será que esse povo não consegue enxergar a realidade? Está tão clara na cobertura espetacular dos telões. Deveriam morrer também, junto com os verdes infratores.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify; text-indent: 27pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify; text-indent: 27pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Os espancamentos, linchamentos, extermínios dos verdes que infringiam as regras nas chegadas das pistas eram aplaudidos. A multidão se realizava, se regozijava ao ver um verde, depois de violentar as pessoas elegantes, serem agredidos até à morte. Isso! Matem todos! É a solução! É a solução!</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify; text-indent: 27pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify; text-indent: 27pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Mas o que chamava mais a atenção era que quando corriam duas mães, cada uma com um recém-nascido nos braços, uma verde e uma azul, os dois bebês, o verde e o azul, pareciam mais iguais do que pareceriam quando estivessem próximos aos dezoito anos. Isso se a morte precipitada do verde não viesse impedir a futura comparação.</span></div>
Bruno Montarroyoshttp://www.blogger.com/profile/02780244964291070484noreply@blogger.com0Recife - PE, Brasil-8.0578381 -34.882896899999992-8.3093971 -35.205620399999994 -7.8062790999999994 -34.560173399999989tag:blogger.com,1999:blog-2824882089569264684.post-67028362685301871392015-01-28T10:46:00.001-03:002015-01-28T13:24:52.276-03:00A morte do meu pai: variações sobre o prazer e o tempo<div dir="ltr">
<div>
<span id="docs-internal-guid-f06a2e1e-30ca-4d9c-a6cc-b411dd333129"></span><br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span id="docs-internal-guid-f06a2e1e-30ca-4d9c-a6cc-b411dd333129"><span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 15px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Ainda no caminho de sentir melhor o chão, após a perda do meu melhor amigo e pai, há pouco mais de um mês, tenho passado estes dias.</span></span></div>
<span id="docs-internal-guid-f06a2e1e-30ca-4d9c-a6cc-b411dd333129"><br /></span>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span id="docs-internal-guid-f06a2e1e-30ca-4d9c-a6cc-b411dd333129"><span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 15px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Eu achava que conhecia a morte. Mas tenho aprendido que só a conhecemos quando ela chega ao nosso círculo menor de convivência.</span></span></div>
<span id="docs-internal-guid-f06a2e1e-30ca-4d9c-a6cc-b411dd333129">
</span>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span id="docs-internal-guid-f06a2e1e-30ca-4d9c-a6cc-b411dd333129"><span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 15px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Uma experiência que me fez lembrar de Gilgamesh, aquele guerreiro da mitologia mesopotâmica. Ele também só conheceu a morte de verdade quando perdeu o seu único companheiro de batalha, Enkidu.</span></span></div>
<span id="docs-internal-guid-f06a2e1e-30ca-4d9c-a6cc-b411dd333129">
</span>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span id="docs-internal-guid-f06a2e1e-30ca-4d9c-a6cc-b411dd333129"><span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 15px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Enkidu, que havia sido contratado para matar Gilgamesh, termina perdendo a sua condição divina quando experimenta os prazeres humanos com uma prostituta. Perde a sua inocência e condição divina e se torna conhecedor do bem e do mal, e agora um amante dos prazeres humanos. Torna-se também o melhor amigo de Gilgamesh, e seu companheiro de batalha.</span></span></div>
<span id="docs-internal-guid-f06a2e1e-30ca-4d9c-a6cc-b411dd333129">
</span>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span id="docs-internal-guid-f06a2e1e-30ca-4d9c-a6cc-b411dd333129"><span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 15px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Exatamente o comportamento que promove a entrada de Enkidu no mundo dos prazeres humanos é o mesmo comportamento que pode-se julgar como o responsável pelo encurtamento da sua existência.</span></span></div>
<span id="docs-internal-guid-f06a2e1e-30ca-4d9c-a6cc-b411dd333129">
</span>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span id="docs-internal-guid-f06a2e1e-30ca-4d9c-a6cc-b411dd333129"><span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 15px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Assim foi a opção de vida do meu Pai, Abelardo, quando não se permitiu abrir mão de um estilo de vida que lhe proporcionava prazer (isso não impedia e nem se opunha à sua dedicação extrema para promover a qualidade de vida daqueles que estavam ao seu redor). Não gostava de estar em médicos, não ia. Gostava de comer isso e aquilo, comia. Vivia rindo, brincando, enfrentando até os seus maiores problemas sempre com um bom humor gigantesco. Vivia dizendo que se algum dia precisasse viver uma vida tomando remédios, indo a médicos, fazendo dieta alimentar, preferia morrer antes. Assim como preferia morrer antes de qualquer um de seus filhos, netos ou mulher. Não era uma vida que desejava a morte, pelo contrário. Desejava viver muito. Só não aceitava viver de qualquer jeito. Viver muito sim, mas só se for muito bem, era a sua escolha.</span></span></div>
<span id="docs-internal-guid-f06a2e1e-30ca-4d9c-a6cc-b411dd333129">
</span>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span id="docs-internal-guid-f06a2e1e-30ca-4d9c-a6cc-b411dd333129"><span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 15px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Gilgamesh, como eu, perdeu o seu principal companheiro de luta, único na verdade. E se deparou com a morte de verdade pela primeira vez. Mas a inquietação de Gilgamesh o levou a um caminho diferente do de Enkidu. Este havia escolhido a intensidade da vida em detrimento da quantidade de tempo de vida. Mas Gilgamesh iniciava agora sua jornada em busca da imortalidade. Ele queria se livrar do destino do amigo.</span></span></div>
<span id="docs-internal-guid-f06a2e1e-30ca-4d9c-a6cc-b411dd333129">
</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span id="docs-internal-guid-f06a2e1e-30ca-4d9c-a6cc-b411dd333129">E é nesta reação à morte próxima que quando comparo a minha perda com a de Gilgamesh me distinguo. Me firmo ainda mais optando pela intensidade de vida, na vivência do prazer (ao mesmo tempo que luto para ampliar também o prazer de outros), do que na quantidade do tempo de vida. Claro que farei as minhas concessões, buscando um equilíbrio, afinal, se puder ter prazer nessa vida por mais tempo será sempre melhor. Só não aceitarei também me privar de uma vida de prazer só para viver mais. Não me trancarei dentro de casa temendo a violência. Não terei medo de experimentar coisas novas temendo errar. Quero sabor, quero intensidade, quero vida, quero prazer, ter e dar. Afinal, entre morrer aos sessenta como o meu pai, tendo vivido intensamente tanto para si quanto para os seus. Ou morrer aos cem sem nunca ter vivido de fato. Prefiro uma morte que interrompa uma curta vida de intensidade do que uma morte que chega para uma vida já morta há um longo período de tempo.</span></div>
<span id="docs-internal-guid-f06a2e1e-30ca-4d9c-a6cc-b411dd333129">
</span></div>
<div>
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 15px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></div>
<div>
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 15px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">28/01/2015</span></div>
<br clear="all" />
<div>
<div class="gmail_signature">
<div dir="ltr">
<div>
<strong><span style="color: #3366ff; font-family: arial black,sans-serif; font-size: medium;">Bruno Montarroyos</span></strong><br />
Mestre em Ciência Política (Relações Internacionais) pela UFPE</div>
<div>
Membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas Regionais e do Desenvolvimento - D&R-UFPE (CNPq) e do Grupo de Estudos Subalternos, Periféricos e Emergentes - D&R-UFPE<br />
Pastor Batista, membro-fundador da Aliança de Batistas do Brasil<br />
<a href="mailto:bmontarroyos@gmail.com" target="_blank">bmontarroyos@gmail.com</a><br />
<a href="http://lattes.cnpq.br/6581290148822998" target="_blank">http://lattes.cnpq.br/6581290148822998</a></div>
<div>
<a href="http://www.querosermaishumano.blogspot.com/" target="_blank">www.querosermaishumano.blogspot.com</a></div>
<div>
<a href="http://www.twitter.com/bmontarroyos" target="_blank">www.twitter.com/bmontarroyos</a></div>
<div>
<a href="https://www.facebook.com/profile.php?id=1007316087" target="_blank">https://www.facebook.com/profile.php?id=1007316087</a></div>
<div>
<br /></div>
</div>
</div>
</div>
</div>
Bruno Montarroyoshttp://www.blogger.com/profile/02780244964291070484noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2824882089569264684.post-32864682528147700822015-01-15T09:17:00.001-03:002015-01-15T09:23:52.394-03:00Política, questão de fé*<div dir="ltr">
<div class="gmail_quote">
<div style="font-family: Helvetica; font-size: 12px; margin: 0px;">
<br /></div>
<div style="font-family: Helvetica; font-size: 12px; margin: 0px;">
<span style="font-size: 12pt;">Por Bruno Montarroyos</span></div>
<div style="font-family: Helvetica; font-size: 12px; margin: 0px; min-height: 13.8px;">
<span style="font-size: 12pt;"></span><br /></div>
<div style="font-family: Helvetica; font-size: 12px; margin: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt;">Quem dirige automóvel sabe. Por mais habilidade que se tenha e por mais que se respeite as leis de trânsito, dirigir não se resume a isto. É preciso confiar que os outros também respeitarão as mesmas leis. Se não confiássemos minimamente nos outros motoristas, não dirigiríamos. Só nos sentimos seguros para trafegar nas ruas, porque acreditamos que os outros não orientarão os seus carros em nossa direção, causando uma colisão, por exemplo. Não daria para dirigir prestando atenção a tudo o que se deve e ainda no comportamento de cada um dos outros motoristas ao volante. Dirigir automóvel é uma questão de fé.</span></div>
<div style="font-family: Helvetica; font-size: 12px; margin: 0px; min-height: 13.8px; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt;"></span><br /></div>
<div style="font-family: Helvetica; font-size: 12px; margin: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt;">Sou teólogo de formação e a fé é um tema que faz parte do meu universo. Desde a minha entrada acadêmica na Ciência Política como um total ignorante nesta área (continuo me sentindo um ignorante), tenho me deparado com uma realidade: Política também é uma questão de fé, assim como a neutralidade científica na academia. Mas antes disso, vou voltar um pouco e contar a minha experiência no Centro de Mídia Independente.</span></div>
<div style="font-family: Helvetica; font-size: 12px; margin: 0px; min-height: 13.8px; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt;"></span><br /></div>
<div style="font-family: Helvetica; font-size: 12px; margin: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt;">Sempre fui um sonhador. Desde que fiz uma opção na teologia - opção pelos pobres - tenho dedicado parte significativa do meu tempo e esforços a estudar melhor as causas das injustiças e desigualdades. Percebi que uma educação deficiente aliada a uma concentração de poder no principal meio que informa a população (a TV), era um forte instrumento de opressão, que trabalhava, à semelhança dos sacerdotes bíblicos, em favor do poder econômico. Este último detém também o poder político (direta ou indiretamente), alienando a massa em favor de uma afluência cada vez maior da riqueza de um povo a uma minoria abastada.</span></div>
<div style="font-family: Helvetica; font-size: 12px; margin: 0px; min-height: 13.8px; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt;"></span><br /></div>
<div style="font-family: Helvetica; font-size: 12px; margin: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt;">Pensei: deveria existir uma mídia independente e buscando na internet cheguei ao Centro de Mídia Independente, onde trabalhei um tempo no coletivo Recife, como voluntário. Assim comecei a ver mais de perto como uma notícia se transforma, da realidade até o noticiário da TV e dos jornais escritos. Através do CMI conheci muita gente, militantes, cineastas, gente comprometida com um mundo melhor, que dá o próprio sangue para isso. Convivi de perto com o MST. A essa altura, minha teologia e vida estavam comprometidas com o pensamento de esquerda, o da heresia, já que quem tem o direito de colocar os rótulos é o poder econômico.</span></div>
<div style="font-family: Helvetica; font-size: 12px; margin: 0px; min-height: 13.8px; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt;"></span><br /></div>
<div style="font-family: Helvetica; font-size: 12px; margin: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt;">Isso me levou ao Mestrado em Ciência Política. Essa ânsia de conhecer melhor as raízes das desigualdades. Mas me deparei com a realidade de que política é também questão de fé.</span></div>
<div style="font-family: Helvetica; font-size: 12px; margin: 0px; min-height: 13.8px; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt;"></span><br /></div>
<div style="margin: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: 12pt;">Por mais que tenhamos o </span><span style="font-size: 16px;">zelo</span><span style="font-size: 12pt;"> de nos informar de todos os ângulos sob os quais uma notícia é veiculada. Refletir, sem presunção de ser portador da verdade, os argumentos disponíveis em cada "time" apaixonado por suas próprias ideologias. Percebo que em algum momento será preciso fazer escolhas. Escolher que fontes julgarei mais confiáveis, sejam elas pessoais ou institucionais. Isto porque as nossas limitações não nos permitem a onisciência ou a onipresença, de forma que sempre dependeremos de informações de terceiros. E parte significativa dessas informações trafegam por ambientes restritos a poucos terceiros. Informações que jamais chegarão a público, inclusive. E aí haverá terceiros bem estudados, tentando juntar as peças e tecer as suas interpretações. Haverá também terceiros pagos para usar os títulos de suas credibilidades em declarações de informações </span><span style="font-size: 16px;">pré-acordadas para o atendimento de interesses específicos.</span><span style="font-size: 12pt;"> E como há terceiros para todos os lados, precisaremos, em algum momento, optar quais terceiros nos transmitem mais confiança.</span></span></div>
<div style="font-family: Helvetica; font-size: 12px; margin: 0px; min-height: 13.8px; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt;"></span><br /></div>
<div style="font-family: Helvetica; font-size: 12px; margin: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt;">Quando lembro de John Stuart Mill, em sua obra sobre a liberdade, percebo que há muito o que aprendermos. Ele diz que todo mundo se reconhece falho, mas que o difícil é reconhecer que uma certeza minha de hoje possa ser um exemplo dessa falibilidade. Reconheço-me falho tão somente pelo meu passado, pelo que já se tornou insustentável permanecer como certeza. Dificilmente pensamos na possibilidade da falibilidade em uma certeza atual. E isso limita a nossa capacidade de ouvir, de verdade, de querer aprender com o diferente, de buscar no diferente algo que possa completar, contrariar ou mesmo reforçar uma certeza minha. E isso empobrece o nosso pensar. Chamar de imbecil, idiota, ingênuo, etc, o diferente, limita a nossa capacidade de considerar outros horizontes e considerar a nossa já reconhecida falibilidade.</span></div>
<div style="font-family: Helvetica; font-size: 12px; margin: 0px; min-height: 13.8px; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt;"></span><br /></div>
<div style="font-family: Helvetica; font-size: 12px; margin: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt;">Saber que política é também questão de fé é nos dar a possibilidade de permanecermos fiéis ao que cremos, sem precisar desrespeitar o direito do outro de assumir e viver outra fé. No final das contas, exceto por quem se beneficia com a opressão, injustiça e desigualdade, a maioria de nós quer o mesmo fim: justiça, igualdade, amor. Mas estamos olhando com óculos e por ângulos diferentes, formados pelas experiências de vida que tivemos, pelas leituras e vivências. Muitas vezes estamos vendo o mesmo elefante, ora como cauda, ora como tromba. Deixemos pois de gritar, apenas: cauda, cauda... ou tromba, tromba. E procuremos, humildemente, nos interessar por conhecer os outros lados.</span></div>
<div style="font-family: Helvetica; font-size: 12px; margin: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt;"><br /></span></div>
<div style="font-family: Helvetica; font-size: 12px; margin: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt;">* Publicado originalmente em novembro de 2013 no facebook</span></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
Bruno Montarroyoshttp://www.blogger.com/profile/02780244964291070484noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2824882089569264684.post-18270780271066113112014-10-27T11:37:00.000-03:002014-10-27T11:37:16.526-03:00Economia para quem?
<br />
<div align="right" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<i>Por
Bruno Montarroyos</i></div>
<br />
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
A
parábola abaixo faz um reducionismo de toda uma nação a uma
pequena comunidade. Além disso, não é uma parábola escrita por um
economista, logo não se deve esperar conhecimentos maiores do que os
de um mero curioso amador nesta área. Apesar do pecado reducionista
e da limitação dos conhecimentos econômicos do autor, pode
facilmente ser o ponto de partida para o caminho de uma compreensão
mais complexa, como merece um sistema de relações tão complexas
como um país. Vamos a ela:</div>
<br />
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
Era
uma vez um fazendeiro que descobriu que em suas terras havia ouro.
Resolveu, então, contratar nove famílias para trabalhar em suas
terras. A contratação se deu da seguinte forma:</div>
<br />
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
-
Uma das nove famílias seria a governanta do empreendimento,
recebendo um salário familiar de R$ 15.000,00;</div>
-
Duas das nove famílias seriam supervisoras e receberiam cada uma o
salário familiar de R$ 1.500,00 cada;<br />
- As
outras seis famílias seriam as operárias e receberiam o salário
familiar de R$ 200,00 cada.<br />
<br />
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
A
empreitada deu certo e rendiam ao fazendeiro, depois de retirados os
custos com os trabalhadores, o lucro de R$ 5.000.000.000,00 (5
bilhões de reais) por ano.</div>
<br />
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
A
comunidade tinha, então, um PIB de 5 bilhões de reais.</div>
<br />
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
Mas
na verdade uma outra fazenda também operava com os mesmos números,
tudo igual.</div>
<br />
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
Fazendas
1 e 2 – Ano 1</div>
<br />
<table cellpadding="4" cellspacing="0" style="width: 219px;">
<colgroup><col width="59"></col>
<col width="142"></col>
<tbody>
<tr valign="top">
<td style="border-color: rgb(0, 0, 0) currentColor rgb(0, 0, 0) rgb(0, 0, 0); border-style: solid none solid solid; border-width: 1px medium 1px 1px; padding: 0.1cm 0cm 0.1cm 0.1cm;" width="59">
<div align="justify">
Qtd. de Famílias</div>
</td>
<td style="border: 1px solid rgb(0, 0, 0); padding: 0.1cm;" width="142">
<div align="justify">
Renda Familiar</div>
</td>
</tr>
<tr valign="top">
<td style="border-color: currentColor currentColor rgb(0, 0, 0) rgb(0, 0, 0); border-style: none none solid solid; border-width: medium medium 1px 1px; padding: 0cm 0cm 0.1cm 0.1cm;" width="59">
<div align="justify">
1</div>
</td>
<td style="border-color: currentColor rgb(0, 0, 0) rgb(0, 0, 0); border-style: none solid solid; border-width: medium 1px 1px; padding: 0cm 0.1cm 0.1cm;" width="142">
<div align="right">
R$ 5.000.000.000,00</div>
</td>
</tr>
<tr valign="top">
<td style="border-color: currentColor currentColor rgb(0, 0, 0) rgb(0, 0, 0); border-style: none none solid solid; border-width: medium medium 1px 1px; padding: 0cm 0cm 0.1cm 0.1cm;" width="59">
<div align="justify">
1</div>
</td>
<td style="border-color: currentColor rgb(0, 0, 0) rgb(0, 0, 0); border-style: none solid solid; border-width: medium 1px 1px; padding: 0cm 0.1cm 0.1cm;" width="142">
<div align="right">
R$ 15.000,00</div>
</td>
</tr>
<tr valign="top">
<td style="border-color: currentColor currentColor rgb(0, 0, 0) rgb(0, 0, 0); border-style: none none solid solid; border-width: medium medium 1px 1px; padding: 0cm 0cm 0.1cm 0.1cm;" width="59">
<div align="justify">
2</div>
</td>
<td style="border-color: currentColor rgb(0, 0, 0) rgb(0, 0, 0); border-style: none solid solid; border-width: medium 1px 1px; padding: 0cm 0.1cm 0.1cm;" width="142">
<div align="right">
R$ 1.500,00</div>
</td>
</tr>
<tr valign="top">
<td style="border-color: currentColor currentColor rgb(0, 0, 0) rgb(0, 0, 0); border-style: none none solid solid; border-width: medium medium 1px 1px; padding: 0cm 0cm 0.1cm 0.1cm;" width="59">
<div align="justify">
6</div>
</td>
<td style="border-color: currentColor rgb(0, 0, 0) rgb(0, 0, 0); border-style: none solid solid; border-width: medium 1px 1px; padding: 0cm 0.1cm 0.1cm;" width="142">
<div align="right">
R$ 200,00</div>
</td>
</tr>
</tbody></colgroup></table>
<br />
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
PIB:
5 bilhões</div>
<br />
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
No
segundo ano cada fazenda optou por diferentes políticas em seus
negócios:</div>
<br />
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
O
primeiro fazendeiro viu que poderia ter mais rendimentos caso
aumentasse o trabalho de seus funcionários. Achou também que os
seus salários estavam altos e que se os reduzisse poderia tê-los
ainda mais comprometidos com o trabalho, pois dependeriam ainda mais
dele.</div>
<br />
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
Manteve
o salário da família governanta, de R$ 15.000,00, abaixou o salário
das supervisoras para R$ 800,00 cada e o das operárias para R$
100,00 cada, dobrando as horas de trabalho.</div>
<br />
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
Com
o aumento do trabalho foi possível alcançar um rendimento de
7.000.000.000,00 (7 bilhões de reais) neste ano. O PIB subiu de 5
para 7 bilhões, ou seja, crescimento da economia da ordem de 40%,
coisa de louco. Qualquer Mirian Leitão diria que se trata de um
crescimento para ninguém botar defeito.</div>
<br />
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
Fazenda
1 – Ano 2</div>
<br />
<table cellpadding="4" cellspacing="0" style="width: 219px;">
<colgroup><col width="59"></col>
<col width="142"></col>
<tbody>
<tr valign="top">
<td style="border-color: rgb(0, 0, 0) currentColor rgb(0, 0, 0) rgb(0, 0, 0); border-style: solid none solid solid; border-width: 1px medium 1px 1px; padding: 0.1cm 0cm 0.1cm 0.1cm;" width="59">
<div align="justify">
Qtd. de Famílias</div>
</td>
<td style="border: 1px solid rgb(0, 0, 0); padding: 0.1cm;" width="142">
<div align="justify">
Renda Familiar</div>
</td>
</tr>
<tr valign="top">
<td style="border-color: currentColor currentColor rgb(0, 0, 0) rgb(0, 0, 0); border-style: none none solid solid; border-width: medium medium 1px 1px; padding: 0cm 0cm 0.1cm 0.1cm;" width="59">
<div align="justify">
1</div>
</td>
<td style="border-color: currentColor rgb(0, 0, 0) rgb(0, 0, 0); border-style: none solid solid; border-width: medium 1px 1px; padding: 0cm 0.1cm 0.1cm;" width="142">
<div align="right">
R$ 7.000.000.000,00</div>
</td>
</tr>
<tr valign="top">
<td style="border-color: currentColor currentColor rgb(0, 0, 0) rgb(0, 0, 0); border-style: none none solid solid; border-width: medium medium 1px 1px; padding: 0cm 0cm 0.1cm 0.1cm;" width="59">
<div align="justify">
1</div>
</td>
<td style="border-color: currentColor rgb(0, 0, 0) rgb(0, 0, 0); border-style: none solid solid; border-width: medium 1px 1px; padding: 0cm 0.1cm 0.1cm;" width="142">
<div align="right">
R$ 15.000,00</div>
</td>
</tr>
<tr valign="top">
<td style="border-color: currentColor currentColor rgb(0, 0, 0) rgb(0, 0, 0); border-style: none none solid solid; border-width: medium medium 1px 1px; padding: 0cm 0cm 0.1cm 0.1cm;" width="59">
<div align="justify">
2</div>
</td>
<td style="border-color: currentColor rgb(0, 0, 0) rgb(0, 0, 0); border-style: none solid solid; border-width: medium 1px 1px; padding: 0cm 0.1cm 0.1cm;" width="142">
<div align="right">
R$ 800,00</div>
</td>
</tr>
<tr valign="top">
<td style="border-color: currentColor currentColor rgb(0, 0, 0) rgb(0, 0, 0); border-style: none none solid solid; border-width: medium medium 1px 1px; padding: 0cm 0cm 0.1cm 0.1cm;" width="59">
<div align="justify">
6</div>
</td>
<td style="border-color: currentColor rgb(0, 0, 0) rgb(0, 0, 0); border-style: none solid solid; border-width: medium 1px 1px; padding: 0cm 0.1cm 0.1cm;" width="142">
<div align="right">
R$ 100,00</div>
</td>
</tr>
</tbody></colgroup></table>
<br />
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
PIB:
7 bilhões (Crescimento de 40% ano)</div>
<br />
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
O
segundo fazendeiro decidiu diferente. Ele achou que poderia melhorar
a vida de seus trabalhadores. Aumentou o salário da família
governanta para R$ 17.000,00, das supervisoras para R$ 2.000,00 cada
e das operárias para R$ 1.000,00 cada. Além disso, reduziu à
metade a jornada de trabalho para todas as famílias. Claro que com
essas medidas ele passaria a lucrar menos. E os seus rendimentos
foram de 5 para 3 bilhões de reais. A comunidade experimentou uma
contração de 40% em sua economia, desastre total segundo as Mírians
Leitões por aí.</div>
<br />
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
Fazenda
2 – Ano 2</div>
<br />
<table cellpadding="4" cellspacing="0" style="width: 219px;">
<colgroup><col width="59"></col>
<col width="142"></col>
<tbody>
<tr valign="top">
<td style="border-color: rgb(0, 0, 0) currentColor rgb(0, 0, 0) rgb(0, 0, 0); border-style: solid none solid solid; border-width: 1px medium 1px 1px; padding: 0.1cm 0cm 0.1cm 0.1cm;" width="59">
<div align="justify">
Qtd. de Famílias</div>
</td>
<td style="border: 1px solid rgb(0, 0, 0); padding: 0.1cm;" width="142">
<div align="justify">
Renda Familiar</div>
</td>
</tr>
<tr valign="top">
<td style="border-color: currentColor currentColor rgb(0, 0, 0) rgb(0, 0, 0); border-style: none none solid solid; border-width: medium medium 1px 1px; padding: 0cm 0cm 0.1cm 0.1cm;" width="59">
<div align="justify">
1</div>
</td>
<td style="border-color: currentColor rgb(0, 0, 0) rgb(0, 0, 0); border-style: none solid solid; border-width: medium 1px 1px; padding: 0cm 0.1cm 0.1cm;" width="142">
<div align="right">
R$ 3.000.000.000,00</div>
</td>
</tr>
<tr valign="top">
<td style="border-color: currentColor currentColor rgb(0, 0, 0) rgb(0, 0, 0); border-style: none none solid solid; border-width: medium medium 1px 1px; padding: 0cm 0cm 0.1cm 0.1cm;" width="59">
<div align="justify">
1</div>
</td>
<td style="border-color: currentColor rgb(0, 0, 0) rgb(0, 0, 0); border-style: none solid solid; border-width: medium 1px 1px; padding: 0cm 0.1cm 0.1cm;" width="142">
<div align="right">
R$ 17.000,00</div>
</td>
</tr>
<tr valign="top">
<td style="border-color: currentColor currentColor rgb(0, 0, 0) rgb(0, 0, 0); border-style: none none solid solid; border-width: medium medium 1px 1px; padding: 0cm 0cm 0.1cm 0.1cm;" width="59">
<div align="justify">
2</div>
</td>
<td style="border-color: currentColor rgb(0, 0, 0) rgb(0, 0, 0); border-style: none solid solid; border-width: medium 1px 1px; padding: 0cm 0.1cm 0.1cm;" width="142">
<div align="right">
R$ 2.000,00</div>
</td>
</tr>
<tr valign="top">
<td style="border-color: currentColor currentColor rgb(0, 0, 0) rgb(0, 0, 0); border-style: none none solid solid; border-width: medium medium 1px 1px; padding: 0cm 0cm 0.1cm 0.1cm;" width="59">
<div align="justify">
6</div>
</td>
<td style="border-color: currentColor rgb(0, 0, 0) rgb(0, 0, 0); border-style: none solid solid; border-width: medium 1px 1px; padding: 0cm 0.1cm 0.1cm;" width="142">
<div align="right">
R$ 1.000,00</div>
</td>
</tr>
</tbody></colgroup></table>
<br />
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
PIB:
4 Bilhões (Contração da produção de 40% ano)</div>
<br />
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
Pergunto:
Se a sua família não fosse a família do fazendeiro e nem a família
governanta, mas fosse uma das oito demais famílias, dentre as dez da
comunidade, qual dessas comunidades você gostaria de habitar? A que
está crescendo a uma taxa de 40% ao ano ou a que está com uma
contração de 40% ao ano? Preferiria ter a renda familiar diminuída
de R$ 1.500,00 para R$ 800,00, de R$ 200,00 para R$ 100,00 na
comunidade de crescimento econômico? Ou preferiria ter a renda
familiar aumentada de R$ 1.500,00 para R$ 2.000,00, de R$ 200,00 para
R$ 1.000,00 na comunidade que o PIB contraiu em vez de crescer?</div>
<br />
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
E
aí, o que importa mesmo é a taxa de crescimento do país ou a forma
como a renda está distribuída neste país e as mudanças na qualidade de vida da população? O que acha? Acha que a
nossa imprensa se preocupa mais com que tipos de dados, os meramente
econômicos ou os socioeconômicos?</div>
Bruno Montarroyoshttp://www.blogger.com/profile/02780244964291070484noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2824882089569264684.post-21508409709299505732014-07-27T20:15:00.001-03:002014-07-27T20:19:07.936-03:00Ditacia e Democradura<div class="MsoNormal" style="text-align: right; text-indent: 1cm;">
Por Bruno Montarroyos</div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 1.0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Certo casal tinha três filhos da
mesma faixa etária e de mesmo porte. À hora das refeições, o primeiro punha em
seu prato 80% da comida disponível na panela. Os 20% da comida restante era
igualmente distribuído pelos demais membros da família: o pai, a mãe, que se
chamava Democradura, e os dois irmãos do primeiro que se serviu. Os pais
tentaram convencê-lo a ter mais consciência, mas sem sucesso. Com o tempo, os
irmãos subnutridos até tentaram impedir o irmão egoísta e obeso a continuar cometendo
tamanha injustiça. Tentaram se servir antes dele, mas estavam tão fracos que
eram jogados longe pela sua força.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
Alguém que
soube o que estava acontecendo advertiu os pais: - Vocês deveriam estabelecer o
limite da comida que ele pode colocar no prato. Mas os pais o questionaram:
Isso não seria privar-lhe de liberdade? A liberdade de poder comer o quanto
quiser e conseguir? Não seríamos ditadores? Além disso, se ele consegue, pela
sua própria força, continuar fazendo isso e seus irmãos não conseguem o mesmo,
logo, ele deve merecer o pagamento pelos seus esforços. Se os irmãos dele se
esforçarem, chegarem à panela primeiro que ele, conseguirão também fazer o
mesmo. Por enquanto não estão se esforçando. Um dia, Acreditamos que esse irmão
mais forte vai estar tão satisfeito, que naturalmente vai sobrar mais comida
para seus irmãos.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
Em uma outra
família, de igual formação, onde estava ocorrendo exatamente a mesma situação, e
onde a mãe se chamava Ditacia, os pais intervieram e não mais permitiram a divisão
desigual e injusta. O irmão egoísta revoltou-se e saiu gritando na rua: - Os
meus pais me tiraram a liberdade até de comer. Não posso me servir como quero;
E as pessoas na rua ficaram revoltadas com a notícia, e diziam: Que pais
autoritários! que ditadores!</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
E assim seguiam
as duas famílias: A primeira família, onde um membro estava obeso e quatro
subnutridos. Esta família tinha fama de democrática. E a segunda família, a que
todos estavam bem alimentados, mas que tinha a fama de viverem uma ditadura.
Tanto que um chefe de uma terceira família se interessou de encontrar outras
famílias que o apoiassem na causa do irmão que gritava na rua clamando por
justiça. Eles iriam invadir a casa para estabelecer a democracia. O chefe desta
terceira família iria também aproveitar o ensejo para se apropriar se uma vaca
leiteira da família que seria o alvo da “ajuda”. Essa vaca ajudaria muito a sua
própria família, pois o leite é um item que mais esta tem carecido. Mas o seu
interesse pela vaca ele não precisava expor para ninguém, pois precisava
convencer a todos que o motivo da invasão era salvar aquele irmão que está
sendo privado de sua liberdade.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
Tal contexto
dividiu a opinião de muita gente. Juntaram-se muitos ao chefe da terceira
família e criaram o movimento dos defensores da democracia, da liberdade e da
família. Outros, olhavam para aqueles quatro membros subnutridos da primeira
família, e tendo-os ouvido e ouvido também os membros da segunda família,
aquela do irmão obeso que gritou na rua, lutavam por uma distribuição melhor e
mais justa. Os pais da primeira família continuavam acreditando na justiça de
suas ações e jamais tirariam a liberdade de seu filho obeso, por seu próprio
mérito, conseguir uma porção maior de comida. Os seus dois irmãos continuaram fracos
e sentindo-se injustiçados. Começaram até a fazer alguns saques na rua para
tentar conseguir um pouco do que lhes faltava. O obeso da segunda família
continuava ganhando adeptos, junto com o chefe da terceira família, para
estabelecer a democracia em cada vez mais lares afetados pela ditadura. Esta
parceria serviu-lhes bem, comida em abundância ao obeso e novas vacas leiteiras
ao lar do chefe da terceira família. A parceria deu tão certo, que já não
precisavam eles mesmos ficarem tentando “fazer a cabeça” dos membros de outras
famílias. Compraram canais importantes de TV, jornais, revistas, formadores de
opinião, educadores e muito mais e conseguiam chegar com as notícias que
queriam, do jeitinho que queriam em cada casa.</div>
Bruno Montarroyoshttp://www.blogger.com/profile/02780244964291070484noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2824882089569264684.post-30036398716539354902014-05-04T11:39:00.001-03:002014-05-04T11:39:30.275-03:00Capitalismo para os outros, mas comunismo para os meusTente imaginar a cena: Um adolescente, negro e forte, puxou com violência a bolsa daquela velhinha indefesa, e saiu correndo, deixando-a apavorada e caída no chão. Imaginou? Que sentes? Imaginou a cena? Tentou fazer o exercício de se sentir parte da cena? E aí, quais os seus sentimentos pelo garoto da cena?<br />
<br />
Agora eu irei acrescentando ou alterando algumas informações e você continuará fazendo o exercício. A velhinha da cena é, na verdade, sua mãe, já idosa. (caso não tenhas referência de mãe, substitua por uma pessoa a quem ame extremamente, pode ser sua filha, por exemplo). E agora, quais os seus sentimentos pelo garoto da cena? Continuam os mesmos? Há diferenças pelo menos na intensidade dos sentimentos? Certo, sigamos…<br />
<br />
Que a velhinha volte a ser uma pessoa desconhecida. Mas você teve a informação de que o adolescente que fez isso, o fez porque estava desesperado de fome e, como ninguém lhe deu comida, ele viu na bolsa da velhinha a possibilidade de comprar comida. Isso alterou alguma coisa nos seus sentimentos?<br />
<br />
Bem, além disso, você descobre também que esse adolescente foi pego na próxima esquina e que estava sendo espancado por outras pessoas que presenciaram o crime. Enquanto o espancavam, ele gritava que estava com fome, precisava comer, que não tinha ninguém na vida, que fora abandonado pelos pais. Mudou algo nos seus sentimentos?<br />
<br />
Ainda depois, já depois de o adolescente morto, você descobre que ele era seu filho (você, pai ou mãe deste adolescente, pode substituir a cor inicial do adolescente por sua própria cor). Foi um filho que você já estava sofrendo há anos com o seu desaparecimento. Ele tinha apenas dois anos à época e se perdeu por causa da sua negligência para só agora ser reencontrado por você, nessas condições. Passou por várias famílias pobres, moradores de rua, sofreu violências, maus tratos, e por isso, resolveu tentar a vida sozinho, ainda criança. Mas ninguém olhava para ele como gente. O olhavam como marginal, como alguém que estava só esperando o momento de atacar. E como era difícil para aquela criança ser olhada como marginal todo o tempo. Não lhe davam comida, nem teto, nem carinho, nem ouvidos. Lei? direitos? Não havia sequer uma dessas coisas que lhe pudesse alcançar. Ora, mas se não havia lei que o amparasse, deveria haver, em sua compreensão, alguma que lhe fosse necessário obedecer? E a sua última cena fora aquela, se vendo entre a possibilidade de morrer de fome ou de procurar, em um lugar onde suas forças poucas o permitissem, uma possibilidade de sobreviver um pouco mais. E foi assim que usou todas as suas forças para puxar de vez a bolsa da velhinha para depois tentar comprar comida, já que o dinheiro nesse mundo vale muito mais do que a sua história de vida, do que a sua própria vida. E aí, saber que aquele adolescente da história inicial era o seu filho perdido, que lhe custou tantas lágrimas, e saber que agora estava morto, mudou os seus sentimentos em relação ao adolescente? Saber que a sua negligência foi, em grande parte, a causa de tudo aquilo mudou alguma coisa na sua cabeça também?<br />
<br />
Pois é, apesar de fictícias, essas suposições tem muito a ver com a realidade. Uma realidade fruto de nossa negligência como cidadãos, por exemplo. Condenar é sempre mais fácil. Querer aplicar justiça severa a quem nunca foi alcançado pela justiça, por exemplo. Nos fala sobre quem dá a notícia, o que informa e o que omite, seu recorte, interfere diretamente nas minhas interpretações. Várias coisas mais. Vá pensando...<br />
<br />
Quando um hospital deixa de executar algum procedimento em um paciente, deixando-lhe morrer, para não ter prejuízo financeiro, esse hospital está sobre orientações capitalistas, onde o dinheiro é o centro. Para o dono do hospital o seu prejuízo financeiro é mais importante do que a vida de desconhecidos. Se um procedimento indica prejuízo é porque não está pago. Se não está pago, não é devido. Coisas de meritocracia. Ele é um capitalista? Mas se a mãe dele for o paciente, em um outro hospital concorrente, ele espera desse hospital um trato socialista/comunista para com sua mãe e não um trato capitalista. Logo, ele é capitalista para os outros, mas comunista para com os seus. A diferença, então, se você parar para pensar, entre um capistalista e um comunista ou socialista, é que aquele primeiro deseja o comunismo/socialismo apenas para os seus e os últimos o desejam para todas as pessoas.<br />
<br />
Engraçado é ouvir, ainda nos dias de hoje (e as experiências históricas negativas de comunismo não me servem de justificativa, pois tenho visto resultados muito mais cruéis dos nossos capitalismos), que os termos “comunista” ou “socialista” sejam vistos por muitos como perjorativos ou até usados em forma de xingamento.<br />
<br />
Os exemplos fictícios acima conseguem expressar bem a realidade de coisas que acontecem muito:<br />
<br />
- Os nossos interesses moldam as nossas percepções e inclusive os nossos preconceitos. É fácil condenar alguém sem conhecer a sua história de vida. Mais fácil ainda quando esse alguém não é “dos nossos”;<br />
<br />
- Até o mais severo capitalista deseja que os seus sejam tratados por comportamentos socialistas ou comunistas. Não querem que as pessoas de fora, principalmente em momentos críticos, considerem o dinheiro mais importante do que a vida dos seus.<br />
<br />
Dedico esses pensamentos a qualquer pessoa que suspeite me incomodar quando me chama de “comunista” ou “socialista”. E respondo: Com muita paz na consciência.<br />
<br />
Bruno MontarroyosBruno Montarroyoshttp://www.blogger.com/profile/02780244964291070484noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2824882089569264684.post-69953486578051735582014-03-08T11:51:00.004-03:002014-03-08T13:43:57.743-03:00Quem são elas? Quem elas pensam que são?<span style="font-family: Calibri;">Na antiguidade já foram
consideradas deusas. Isso porque, diferente dos homens, tinham o poder
misterioso de gerar vida. A capacidade de ter dentro de si a formação de um
novo ser, a quem apresentaria o mundo externo já, assim, completamente formado,
à sua imagem e semelhança. Tal poder misterioso era visto como um indicador da
sua divindade.</span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Na mitologia grega, as deusas do
olimpo eram igualmente temidas e respeitadas, as cinco entre os doze ou as seis
entre os quatorze citados como parte do dodecateon. Entre os seis deuses de
primeira geração, elas eram em três.</span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Em toda a história da raça humana
já foram e têm sido guerreiras e pacifistas, sujeitos e objetos, vítimas e cuidadoras,
mães e órfãs, livres e escravas, conhecedoras e analfabetas, ousadas e reprimidas.
Em cada contexto específico, mais umas dessas coisas que outras.</span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Quando o assunto é a casa, ainda
hoje o título “Dona de casa” ainda aparece como correlato feminino do título masculino
“Chefe de família”. Enquanto ele é o cabeça do lar, responsável pela logística
econômica, intelectual e decisória, ela é a responsável direta pelos serviços
domésticos e educação dos filhos. Acumula, assim, a função de babá, cozinheira,
faxineira, lavadeira, professora e muito mais. E desde a mais tenra infância já
vai aprendendo o seu lugar. Muita coisa já mudou nesse sentido, mas, ainda
hoje, mesmo as pessoas mais libertas pelas conquistas do feminismo, mantêm
sempre incrustado em seu ser algum traço deixado por toda uma história de
machismo injusto.</span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Se trabalho é o assunto, é já bem
constatado que, apesar de todos os avanços, as mulheres ainda são remuneradas
por valores bem inferiores aos homens quando assumem os mesmos cargos. E à
desigualdade nas remunerações, somem-se, igualmente, o reconhecimento, o
respeito, as oportunidades, a estabilidade, etc.</span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Se mudarmos o assunto e começarmos
a falar de sexo, aí é que a coisa pega. O homem pode tudo, sempre pôde. E à
mulher resta a condição de reprimida, de agente passivo, de objeto, de timidez,
de silêncio. Qualquer indicação de ousadia, de vontade própria, de expressão de
desejo ou necessidade de prazer, será interpretada como constatação de desvio
perverso do seu comportamento. Será nomeada vadia, puta, fácil, ou qualquer
outro desses nomes, usados em tom depreciativo, que são os equivalentes
femininos para os termos masculinos, usados em tom enaltecedor. Às vezes até o
mesmo termo ganha uma interpretação diferente em cada gênero.</span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Tarado: (não o de verdade, mas o
termo usado para um homem normal): Homem que expressa a sua sexualidade de
forma intensa, homem de sexualidade forte, que gosta muito de sexo, etc.</span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Tarada: Mulher que “dá” pra todo
mundo, puta</span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Devasso: Homem que “pega” muitas
mulheres, garanhão, gostosão, fodão.</span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Devassa: Mulher que “dá” pra todo
mundo, puta.</span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Pegador: Pega todas as mulheres,
garanhão, o bom, o gostosão.</span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Pegadora: Mulher que “dá” pra
todo mundo, puta.</span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Homem que diz “comi Fulana, Sicrana
e Beltrana”: Herói, garanhão, viril, sexualidade forte, etc.</span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Mulher que diz “dei para Funano,
Sicrano e Beltrano”: Mulher que “dá” pra todo mundo, puta.</span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Puta: Nas definições acima não é
a mulher que vende sexo, mas um indicativo de que a mulher não presta, é
inferior, não é gente, só serve para sexo e sexo sem respeito nem carinho, é
quase bicho, não merece ser respeitada, muitas vezes nem como ser humano, muitas
vezes merece até ser violentada, no corpo e na alma.</span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Puto: Homem que não é homem, gay,
portanto merece os mesmos preconceitos e violências que uma mulher, até mais.</span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<o:p><span style="font-family: Calibri;"> </span></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Bem, são só alguns exemplos.
Talvez até você, liberto ou liberta pelo nosso feminismo contemporâneo, vez por
outra ainda se flagre pensando parecido. É uma pena, mas é a nossa realidade
ainda.</span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Se você é homem, aproveite este
dia de hoje para pensar: “quem são Elas?”. O que fariam sem elas? Como
viveriam? Como as têm tratado? Como você as enxerga? Não apenas aquelas que são
as “outras” da tua vida. E com “as outras” quero dizer aquelas que não fazem
parte da tua vida, que não se relacionam contigo. Para essas, acredite, é mais
fácil levantar bandeiras, defender direitos, lutar, expressar opiniões libertadoras
em favor delas. Mas quero, principalmente, que pensemos nas nossas mulheres, “as
umas”, essas que estão ao nosso redor, que convivem conosco. Começando pela sua
mãe, avó, esposa, filhas, tias, cunhadas, noras, estendendo-se às colegas de
trabalho, de estudo, etc. Quem são elas?</span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Você é mulher? Então quero te
desejar muita liberdade. Espero que você saiba quem é. Espero que o contexto
machista não tenha obscurecido a tua visão do próprio ser. Espero que saiba e
aja sabendo que és tão humana quanto qualquer homem. Desejo a você a lembrança
constante de que, seja em casa, no seu lar, seja no seu trabalho, na rua, na
escola, no comportamento, no sexo, na linguagem, nos<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>direitos e deveres, és tão humana quanto
qualquer homem. E nunca aceite nem reproduza um pensamento ou comportamento que
interprete como mal um ato seu que, se fosse ato de um homem, seria
interpretado como bom. Se indica humanidade para ele, indica para você também.</span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Tenho muitas mulheres. As cinco
principais são minha mãe Ozinete, minha esposa Cristiane, minhas filhas Hanna,
Sofia e Lis. Quando me pergunto “Quem são elas para mim?”, consigo resumir
dizendo que são os maiores tesouros da minha vida. São seres e não posses. São
sujeitos e não objetos. São capazes de liderança, de decisões. São autônomas e
possuem vontades e desejos próprios. Mesmo carregando cicatrizes de uma
formação social machista, tento enxergá-las com um viés de igualdade. E desejo
que sejam mulheres libertas, sem medo, sem culpa.</span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">A todas as mulheres, parabenizo
pelas conquistas e desejo muito mais. Desejo liberdade, plena e portadora do
prazer de viver. Desejo transformação progressiva no mote “quem elas pensam que
são?”. Que pensem, reflitam como são vistas (realidade), quem têm sido (sua história),
quem devem ser (seu Ser). Que se empoderem com ousadia, sem medo, sem culpa.
Que desconstruam, primeiro o interior de si mesmas, e depois todo o universo exterior
onde coexistem.</span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Perdoem-me as palavras fortes
usadas, talvez incoerentes com um texto de homenagem, mas a homenagem é
sincera, do meu jeito.</span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Quem é você, mulher? Quem você pensa que
é?</span><br />
<span style="font-family: Calibri;"></span><br />
P.S. Muitas das comparações usadas, principalmente no assunto sobre a sexualidade, não expressa juízo de valores, nem no julgamento conferido aos homens nem às mulheres, mas simplesmente traduz o pensamento que domina na interpretação para cada gênero. Que as lutas das mulheres, ao exigir igualdade, continue não reproduzindo algumas superficialidades predominantes no pensamento masculino.</div>
<o:p><span style="font-family: Calibri;"> </span></o:p><br />
<br />
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: right;">
<span style="font-family: Calibri;">08 de março de 2014</span></div>
<br />
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: right;">
<span style="font-family: Calibri;">Bruno Montarroyos</span></div>
Bruno Montarroyoshttp://www.blogger.com/profile/02780244964291070484noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2824882089569264684.post-66975999493129863262013-10-21T07:03:00.001-03:002013-10-21T07:03:02.726-03:00Aprendendo a ver com Mônica e Cebolinha<div dir="ltr"><p style="text-align:center;line-height:1.15;margin-top:0pt;margin-bottom:0pt" dir="ltr" id="docs-internal-guid-12d01a26-da76-4776-9ac8-f273f56e9bb3"><span style="color:rgb(0,0,0);font-family:Arial;font-size:15px;font-style:normal;font-variant:normal;font-weight:normal;text-decoration:none;vertical-align:baseline;background-color:transparent"></span><span style="color:rgb(0,0,0);font-family:Arial;font-size:15px;font-style:normal;font-variant:normal;font-weight:normal;text-decoration:none;vertical-align:baseline;background-color:transparent"></span> </p> <p style="line-height:1.15;text-indent:22.5pt;margin-top:0pt;margin-bottom:0pt" dir="ltr"><span style="color:rgb(0,0,0);font-family:Arial;font-size:15px;font-style:normal;font-variant:normal;font-weight:normal;text-decoration:none;vertical-align:baseline;background-color:transparent">A tarefa dizia mais ou menos assim: "Com a ajuda de um adulto, observe a cena abaixo, diga o que você consegue ver para que o adulto escreva nas linhas abaixo da cena".</span></p> <p style="line-height:1.15;text-indent:22.5pt;margin-top:0pt;margin-bottom:0pt" dir="ltr"><span style="color:rgb(0,0,0);font-family:Arial;font-size:15px;font-style:normal;font-variant:normal;font-weight:normal;text-decoration:none;vertical-align:baseline;background-color:transparent">Era a tarefa da escola de Sofia, minha filha do meio (4 anos). A cena era um desenho de Cebolinha e Mônica, sentados em um sofá, enquanto assistiam à televisão. Cebolinha demonstrava medo e Mônica comia pipoca.</span></p> <p style="line-height:1.15;text-indent:22.5pt;margin-top:0pt;margin-bottom:0pt" dir="ltr"><span style="color:rgb(0,0,0);font-family:Arial;font-size:15px;font-style:normal;font-variant:normal;font-weight:normal;text-decoration:none;vertical-align:baseline;background-color:transparent">- Entendeu, Sosô? Como você já escreve, então qual o adulto que vai escrever?</span></p> <p style="line-height:1.15;text-indent:22.5pt;margin-top:0pt;margin-bottom:0pt" dir="ltr"><span style="color:rgb(0,0,0);font-family:Arial;font-size:15px;font-style:normal;font-variant:normal;font-weight:normal;text-decoration:none;vertical-align:baseline;background-color:transparent">- Nenhum, respondeu ela, eu mesma vou escrever.</span></p> <p style="line-height:1.15;text-indent:22.5pt;margin-top:0pt;margin-bottom:0pt" dir="ltr"><span style="color:rgb(0,0,0);font-family:Arial;font-size:15px;font-style:normal;font-variant:normal;font-weight:normal;text-decoration:none;vertical-align:baseline;background-color:transparent">- Muito bem, então, o que você vai escrever?</span></p> <p style="line-height:1.15;text-indent:22.5pt;margin-top:0pt;margin-bottom:0pt" dir="ltr"><span style="color:rgb(0,0,0);font-family:Arial;font-size:15px;font-style:normal;font-variant:normal;font-weight:normal;text-decoration:none;vertical-align:baseline;background-color:transparent">- Mônica, Cebolinha, Sofá, Televisão…</span></p> <br><span style="color:rgb(0,0,0);font-family:Arial;font-size:15px;font-style:normal;font-variant:normal;font-weight:normal;text-decoration:none;vertical-align:baseline;background-color:transparent"></span><p style="line-height:1.15;text-indent:22.5pt;margin-top:0pt;margin-bottom:0pt" dir="ltr"> <span style="color:rgb(0,0,0);font-family:Arial;font-size:15px;font-style:normal;font-variant:normal;font-weight:normal;text-decoration:none;vertical-align:baseline;background-color:transparent">Parei um pouco para pensar como melhor estimular a minha filha. Disse a ela que essa era uma forma sim, de responder, mas que ela podia ver mais coisas. Então comecei a falar em tom de contador de histórias, dizendo: - Veja só (fazendo um quadro com as mãos, afastado, olhando em sua direção), o que eu estou vendo nesta cena: Em uma sala, Sofia está sentada à mesa, para fazer a sua tarefinha, segurando a mamadeira da sua irmã, Lis, enquanto dá gargalhadas (as gargalhadas já eram pela palhaçada do pai-palhaço).</span></p> <p style="text-align:justify;line-height:1.15;text-indent:22.5pt;margin-top:0pt;margin-bottom:0pt" dir="ltr"><span style="color:rgb(0,0,0);font-family:Arial;font-size:15px;font-style:normal;font-variant:normal;font-weight:normal;text-decoration:none;vertical-align:baseline;background-color:transparent">Depois de estimulá-la um pouco mais, a deixei escrevendo (ela não queria que eu visse enquanto não terminasse) e o texto final ficou mais ou menos assim: "MONICA E CÉBOLINHA ESTÃO ASISTINDO TELEVISÃO CEBÔLINHA ESTA CON MEDO DEVE SER UN FIUMI DE TERROR MONICA ESTA COMENDO PIPOCA."</span></p> <p style="text-align:justify;line-height:1.15;text-indent:22.5pt;margin-top:0pt;margin-bottom:0pt" dir="ltr"><span style="color:rgb(0,0,0);font-family:Arial;font-size:15px;font-style:normal;font-variant:normal;font-weight:normal;text-decoration:none;vertical-align:baseline;background-color:transparent">Ajudei Sofia a corrigir os pequenos erros ortográficos, mas não pude deixar de perceber o resultado do estímulo, pois além de descrever o que está na cena, ela conseguiu ir além, pois a afirmação que "deve ser um filme de terror" está fora da cena.</span></p> <br><span style="color:rgb(0,0,0);font-family:Arial;font-size:15px;font-style:normal;font-variant:normal;font-weight:normal;text-decoration:none;vertical-align:baseline;background-color:transparent"></span><p style="text-align:justify;line-height:1.15;text-indent:22.5pt;margin-top:0pt;margin-bottom:0pt" dir="ltr"> <span style="color:rgb(0,0,0);font-family:Arial;font-size:15px;font-style:normal;font-variant:normal;font-weight:normal;text-decoration:none;vertical-align:baseline;background-color:transparent">Pensando no fato, não deixo de lamentar a falta de estímulo à atividade docente no Brasil. Quantos adultos, eleitores, cidadãos, temos hoje formando a nossa população brasileira, que só conseguem enxergar os elementos da cena, sem fazer nenhum tipo de análise de conjuntura? Eles vêem a Mônica, o Cebolinha, o sofá, a TV, mas não foram estimulados a enxergar o que acontece na cena, como as personagens interagem, como o ambiente é alterado pelo movimento das personagens.</span></p> <p style="text-align:justify;line-height:1.15;text-indent:22.5pt;margin-top:0pt;margin-bottom:0pt" dir="ltr"><span style="color:rgb(0,0,0);font-family:Arial;font-size:15px;font-style:normal;font-variant:normal;font-weight:normal;text-decoration:none;vertical-align:baseline;background-color:transparent">Quem não consegue interpretar a própria visão, submete-se às interpretações alheias. Eu poderia dizer à Sofia: - Mas você não consegue ver que Cebolinha está lambendo os dedos e rindo e que Mônica está comendo jujubas? O filme deve ser uma comédia. É mais ou menos isso o que uma imprensa pode fazer para manipular gente que não foi estimulada à interpretar de forma autônoma as cenas que se colocam diante de si.</span></p> <p style="text-align:justify;line-height:1.15;text-indent:22.5pt;margin-top:0pt;margin-bottom:0pt" dir="ltr"><span style="color:rgb(0,0,0);font-family:Arial;font-size:15px;font-style:normal;font-variant:normal;font-weight:normal;text-decoration:none;vertical-align:baseline;background-color:transparent">Em um contexto desse, por exemplo, poderia um dia acontecer de uma notícia boa ser dada como ruim. Imagina se um dia, quando acontecesse de em um País, de a conjuntura permitir combater melhor a corrupção. Imagina se isso acontecesse. Seria a primeira vez que a corrupção apareceria gigante, já que estaria se permitindo tratar. A notícia boa poderia ser dada como ruim, não acha? Poderiam dizer que nunca houve tanta corrupção. Imagina se um dia a classe mais pobre estivesse um pouco mais capaz de enxergar, se houvesse mais gente bem informada que pudesse lutar, que as pessoas sentissem necessidade não mais pelo pão que faltava, mas por coisas maiores como educação, saúde, etc. A notícia boa do povo estar mais capaz de exigir os seus direitos e estarem fazendo isso, poderia ser dada como uma notícia ruim de que o povo nunca esteve tão insatisfeito com o governo.</span></p> <span style="color:rgb(0,0,0);font-family:Arial;font-size:15px;font-style:normal;font-variant:normal;font-weight:normal;text-decoration:none;vertical-align:baseline;background-color:transparent">Não estou querendo dizer que isso acontece, mas poderia acontecer um dia, não acha? E para as pessoas que só conseguem enxergar a Mônica, o Cebolinha, o Sofá e a TV, poderia ser mais difícil de enxergar o filme de terror e acharem que era só uma comédia.</span><br clear="all"> <div><div dir="ltr"><div><strong><font color="#3366ff" size="4" face="arial black,sans-serif">Bruno Montarroyos</font></strong><br>Mestre em Ciência Política (Relações Internacionais) pela UFPE</div><div>Membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas Regionais e do Desenvolvimento - D&R-UFPE (CNPq)<br> Pastor Batista, membro-fundador da Aliança de Batistas do Brasil<br><a href="mailto:bmontarroyos@gmail.com" target="_blank">bmontarroyos@gmail.com</a><br><a href="http://lattes.cnpq.br/6581290148822998" target="_blank">http://lattes.cnpq.br/6581290148822998</a><br> </div><div><a href="http://www.querosermaishumano.blogspot.com" target="_blank">www.querosermaishumano.blogspot.com</a><br></div><div><a href="http://www.twitter.com/bmontarroyos" target="_blank">www.twitter.com/bmontarroyos</a></div> <div><a href="https://www.facebook.com/profile.php?id=1007316087" target="_blank">https://www.facebook.com/profile.php?id=1007316087</a></div><div><br></div></div></div> </div> Bruno Montarroyoshttp://www.blogger.com/profile/02780244964291070484noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2824882089569264684.post-35671355411150488042013-10-18T13:34:00.001-03:002013-10-18T13:34:08.224-03:00Vida Privada<div dir="ltr"><span id="docs-internal-guid-641b3e4b-cc6a-f4a1-d5e4-d8ea31987988"><p dir="ltr" style="line-height:1.15;margin-top:0pt;margin-bottom:0pt;text-align:center"><br></p><span style="font-size:15px;font-family:Arial;color:rgb(0,0,0);background-color:transparent;vertical-align:baseline;white-space:pre-wrap"></span><p dir="ltr" style="line-height:1.15;margin-top:0pt;margin-bottom:0pt;text-align:justify"> <span style="font-size:15px;font-family:Arial;color:rgb(0,0,0);background-color:transparent;vertical-align:baseline;white-space:pre-wrap">Privacidade, como é bom, não é mesmo? Minha casa, meu quarto, meu carro, minha sala no trabalho, meu email, minha própria conta em uma rede social na internet.</span></p> <br><span style="font-size:15px;font-family:Arial;color:rgb(0,0,0);background-color:transparent;vertical-align:baseline;white-space:pre-wrap"></span><p dir="ltr" style="line-height:1.15;margin-top:0pt;margin-bottom:0pt;text-align:justify"> <span style="font-size:15px;font-family:Arial;color:rgb(0,0,0);background-color:transparent;vertical-align:baseline;white-space:pre-wrap">Ah, vida privada, quanta vida há na tua privada? O que restou e restará da vida comum, da comunhão, se o que está na moda é a privada, da privação.</span></p> <br><span style="font-size:15px;font-family:Arial;color:rgb(0,0,0);background-color:transparent;vertical-align:baseline;white-space:pre-wrap"></span><p dir="ltr" style="line-height:1.15;margin-top:0pt;margin-bottom:0pt;text-align:justify"> <span style="font-size:15px;font-family:Arial;color:rgb(0,0,0);background-color:transparent;vertical-align:baseline;white-space:pre-wrap">Na comum o bem maior é o outro, a relação. Na privada, o retorno da exclusividade infantil do "Eu" é que se afirma. Personalização, promoção pessoal, torne-se rico, faça seu primeiro milhão, troque o seu carro, compre a última invenção, adquira a nova versão, seja um empreendedor, compre, assine, troque.</span></p> <br><span style="font-size:15px;font-family:Arial;color:rgb(0,0,0);background-color:transparent;vertical-align:baseline;white-space:pre-wrap"></span><p dir="ltr" style="line-height:1.15;margin-top:0pt;margin-bottom:0pt;text-align:justify"> <span style="font-size:15px;font-family:Arial;color:rgb(0,0,0);background-color:transparent;vertical-align:baseline;white-space:pre-wrap">A privacidade é tudo. Priva a cidade de praças, priva a cidade de parques, priva a cidade de mobilidade urbana. Priva a cidade de gente. Como está privada a nossa vida. Privada de direitos sociais, privada de empatia, de solidariedade, de altruísmo, engajamento social, de lutas por interesses comuns, esses da comunhão.</span></p> <br><span style="font-size:15px;font-family:Arial;color:rgb(0,0,0);background-color:transparent;vertical-align:baseline;white-space:pre-wrap"></span><p dir="ltr" style="line-height:1.15;margin-top:0pt;margin-bottom:0pt;text-align:justify"> <span style="font-size:15px;font-family:Arial;color:rgb(0,0,0);background-color:transparent;vertical-align:baseline;white-space:pre-wrap">Reclamamos de trânsito, mas continuamos sonhando com um carro que dirigiremos sozinhos. Reclamamos da falta de segurança, mas não queremos estar nas ruas, para torná-las mais seguras. Se cada 50 carros do trânsito fossem substituídos por um ônibus, teríamos um deslocamento mais flúido. Se voltássemos às ruas em vez de superlotarmos os shoppings ou estarmos em casa com medo, assistindo o show do temor na TV, teríamos ruas cheias de gente e, consequentemente muito mais seguras, sem necessidade de aumento de efetivo policial. Além de estamos em um ambiente muito mais saudável.</span></p> <br><span style="font-size:15px;font-family:Arial;color:rgb(0,0,0);background-color:transparent;vertical-align:baseline;white-space:pre-wrap"></span><p dir="ltr" style="line-height:1.15;margin-top:0pt;margin-bottom:0pt;text-align:justify"> <span style="font-size:15px;font-family:Arial;color:rgb(0,0,0);background-color:transparent;vertical-align:baseline;white-space:pre-wrap">Porque não estamos nas ruas? Porque achamos perigoso. É melhor ficar dentro de casa, assistindo televisão. Melhor ir para o trabalho de carro, mas não precisar estar na rua e nem usar um transporte público ruim, por isso há muita gente sonhando com o próprio carro. Melhor ir para um shopping center do que se arriscar nas ruas. E assim vivemos na nossa vida, não mais de comunhão, vida comum, mas vivemos na outra vida, essa privada, e na privada vivemos, trancados, em casa, no trabalho, em um carro ou mesmo trancados na tela de um celular, mesmo quando há gente de verdade ao nosso lado. Ah, e não venha me dizer que as relações dentro de um shopping são iguais às de uma praça. Na praça as pessoas se conhecem, conversam, estão lá para o encontro. No shopping as pessoas nem se olham e estão lá para uma outra atração, que não é o outro, mas as coisas que podem comprar e consumir.</span></p> <br><span style="font-size:15px;font-family:Arial;color:rgb(0,0,0);background-color:transparent;vertical-align:baseline;white-space:pre-wrap"></span><p dir="ltr" style="line-height:1.15;margin-top:0pt;margin-bottom:0pt;text-align:justify"> <span style="font-size:15px;font-family:Arial;color:rgb(0,0,0);background-color:transparent;vertical-align:baseline;white-space:pre-wrap">Não é na vida comum que temos investido. Temos investido na privada. Isso é muito interessante para um sistema capitalista. Melhor que cada pai e cada mãe compre o próprio arsenal de brinquedos para os seus filhos do que terem um parque ou praça pública onde eles brinquem com os filhos dos vizinhos. Na privada estamos colocando o foco das nossas relações. Cada um procure o seu próprio meio de melhorar o seu deslocamento até o trabalho, de oferecer lazer aos filhos. Cada um por si.</span></p> <br><span style="font-size:15px;font-family:Arial;color:rgb(0,0,0);background-color:transparent;vertical-align:baseline;white-space:pre-wrap"></span><p dir="ltr" style="line-height:1.15;margin-top:0pt;margin-bottom:0pt;text-align:justify"> <span style="font-size:15px;font-family:Arial;color:rgb(0,0,0);background-color:transparent;vertical-align:baseline;white-space:pre-wrap">Procure o Shopping mais próximo da sua casa. Lá você pode encontrar tudo. Vá a um super hiper mega mercado, pois lá existe variedade, conforto e preço. Enquanto isso, concentramos mais e mais as riquezas. Quebramos os pequenos comerciantes e enviamos cada vez mais os nossos salários a quem já muito possui. Mas que importa que haja condições de exploração desumana de força de trabalho? Desde que eu não veja e que possa comprar mais barato.</span></p> <br><span style="font-size:15px;font-family:Arial;color:rgb(0,0,0);background-color:transparent;vertical-align:baseline;white-space:pre-wrap"></span><span style="font-size:15px;font-family:Arial;color:rgb(0,0,0);background-color:transparent;vertical-align:baseline;white-space:pre-wrap">Estou aqui, nos meus pensamentos, tentando identificar quão privada está a minha vida e buscando meios de me reeducar. E você, consegue enxergar o quanto a sua vida está privada?</span></span><br> </div> Bruno Montarroyoshttp://www.blogger.com/profile/02780244964291070484noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2824882089569264684.post-57969267526150215362011-11-09T09:23:00.000-03:002011-11-09T09:23:36.463-03:00Como uma criança<div style="text-align: justify;">Nascemos! Tudo à nossa volta parece tão grande. Somos tão pequenos. As pessoas ao nosso redor são enormes. Os nossos pequenos passos, primeiros passos, parecem irrisórios diante da vastidão do mundo. Só nos resta brincar. Esquecer as grandes coisas e voltar-se às que estão ao nosso alcance para ter com elas uma relação de prazer.</div><br />
<div style="text-align: justify;">Crescemos! Tudo encolheu à nossa volta. As pessoas já não são gigantes. Nossos passos conduzem a nossa liberdade para distante. Não há espaço nem tempo para as brincadeiras, para o prazer, somos adultos. Por outro lado, o que eram formigas para nós quando crianças, tornam-se gigantes. Os desafios, os problemas, as lutas. Gastamos todo o nosso tempo e energia servindo a esses gigantes, abdicando do prazer, das brincadeiras.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Morremos! A morte não é aquele instante em que o nosso coração pára de soprar vida para o corpo. Na verdade, é exatamente isso sim, agora revendo a frase, é uma metáfora perfeita... quando o coração pára de soprar vida para o corpo.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Não saber viver é uma doença, cegueira muito pior que a física. É impossível ter bons olhos e não conseguir viver bem. Dar muita importância a coisas bobas, alimentando ódio no coração, perdendo a paz e a ternura é não ter em conta a vastidão do universo, a complexidade da vida, os fatos de nosso mundo conhecido, as conseqüências das nossas escolhas.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Ter em mente tudo isso é saber-se pequeno e fulgaz. A nossa grandeza mora exatamente na forma com que nos relacionamos com o mundo e com as pessoas. Ser grande é saber-se pequeno, pois quem não sabe-se pequeno, acha-se superior e infalível. Quem é grande para si mesmo, quem se vê grande, não consegue se relacionar bem nem com o mundo (imperfeito) e nem com as pessoas (imperfeitas).</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Quem não se fizer como um desses pequeninos (como uma criança) jamais poderá viver uma vida de prazer como o nosso Pai quer (Reino de Deus).</div>Bruno Montarroyoshttp://www.blogger.com/profile/02780244964291070484noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2824882089569264684.post-76944248214663823042011-07-20T16:00:00.004-03:002011-07-21T07:20:51.776-03:00Onde estou, porquê vim e para onde vou? - Final<div style="text-align: justify;">Como assim fora da religião? Não estou dizendo que não há evangelho dentro da religião, apenas que evangelho independe de religião. Evangelho quer dizer notícia boa. Mas que notícia boa é essa? Simples, a notícia é: Somos livres! Sabe o que significa isso? Que não há uma carga pesada imposta por Deus, não existem exigências que limitem a qualidade de nossa vida ou a qualidade da nossa liberdade. O evangelho é leve, é libertação. A boa notícia trazida por Jesus e muito mal entendida até os dias de hoje é uma notícia de libertação. Ela diz: - Vocês não são mais escravos de nada. Não têm obrigações de fazer sacrifícios para alcançar qualquer graça divina. O único mandamento é AMAR e o único pecado é não amar.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Em meu texto <a href="http://querosermaishumano.blogspot.com/2009/08/e-preciso-saber-viver.html">É preciso saber viver</a> expresso a minha imagem de Deus, através de uma oração, um pedido de perdão a Ele pelo que fizemos do evangelho, da liberdade trazida por ele. Nosso mundo está cheio de ódio. Grande parte desse ódio está enraizado em uma vivência religiosa doentia, desumana e desumanizante. Estamos contaminados com um nível tão grande de hipocrisia que nos tornamos intolerantes ao que somos de verdade, apesar de essa intolerância só vir expressa na nossa visão do outro e nunca de nós mesmos.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Uma religiosidade intolerante jamais poderia ser classificada como evangélica. Jamais poderia ser classificada como cristã. A que Jesus dizemos seguir? Àquele que ao ser chamado para opinar sobre a criminosa (mulher adúltera numa época em que tal ato merecia pena de morte por lei) disse que quem nunca tivesse errado poderia atirar a primeira pedra? A lei mandava que a mulher fosse apedrejada, mas ele igualou um erro que na época era considerado gravíssimo a qualquer outro erro. Como se um juiz dos dias de hoje desse de cara com um estuprador, coduzido por uma multidão, e dissesse: quem nunca errou que puna esse homem. E depois dissesse: Eu também não te condeno, vai, filho, e não faça mais isso. Só estou comparando o gravidade do adultério naquele contexto com algo que consideramos grave nos dias de hoje, para entendermos melhor o ódio que Jesus provocou em muita gente naqueles dias.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Então, hoje, procuro identificar onde estão os seguidores de Jesus. Procuro aprender com eles. Geralmente se trata de gente que não é muito bem vista pelos religiosos, assim como Jesus não foi em sua época. E é com essas pessoas que estou procurando aprender teologia e a viver o evangelho. Me tornei um pastor bastante distante das paredes da igreja (Acredito que a convivência da igreja pode ser muito saudável e gosto também). Meus colegas pastores me ouvem dizer que sou pastor da rua. Gosto de conversar com pessoas feridas pela religião, por uma religiosidade doentia, "desevangelizada", intolerante, e ajudá-las na compreensão de uma outra imagem divina, mais tolerante, mais amorosa. Ajudá-las a compreender o evangelho de verdade, a notícia boa em um mundo onde o que vende são as notícias ruins.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Acho que vou encerrando por aqui essa série. Sei que esperavam mais. Espero escrever mais em outros textos. Por hoje é o que consigo dar. Cada texto do blog é um pedacinho de mim. Outros textos completam também essa série. Quando comecei a escrever isso foi para facilitar a compreensão de algumas posturas minhas. Ou pelo menos para proporcionar, a qualquer um que vá me condenar por alguma postura, alguma base para pensar as coisas de outra forma. Não sou o dono da verdade nem nunca serei. Apenas procuro lutar pelo que acredito. Quando me pronuncio a favor dos direitos e respeito aos homossexuais, por exemplo, tenho consciência da fogueira que me coloco, mas jamais poderia negar aos meus amigos e amigas gays e lésbicas as minhas palavras de apoio aos seus direitos. Sofro com o sofrimento deles, com o preconceito que recebem da própria família e estou pronto a me expor se isso for ajudá-los a ter uma vida melhor, de mais qualidade. E isso é só um exemplo, que poderia ser ampliado com qualquer outro grupo que é visto como movimento contra o evangelho.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">É preciso saber o que nos une como seres humanos, como seres conscientes e com liberdade de escolhas. Sou cristão, mas antes disso sou uma espécie animal que ganhou um cérebro mais complexo que as demais. E como esse animal pensante, afirmo que o que nos une não é a crença em Deus, ou Jesus, ou Alá, ou qualquer outra divindade. O que nos une é o amor, o desejo de viver bem a vida, com muito prazer, e de se colocar como instrumentos para que os outros também vivam a vida com intensidade de prazer. Não acredito em um Deus que se preocupa se alguém acredita ou não em sua existência. Acredito em um Deus que se preocupa com o nosso bem estar. Acredito em um Jesus que veio trazer esse lembrete: Livres! Acredito em um mundo que, por mais que esteja na iminência de acabar, seja pelas nossas mãos humanas ou pelas mãos do resto da natureza (meteoro ou outros astros que se choquem com a Terra ou qualquer outro evento da natureza), pode ser melhor antes do fim. Acredito em uma vida que pode ser melhor antes do fim. Acredito em um mundo melhor, porque quando você me machuca e a minha reação é te perdoar e te amar, essa minha pequena ação já fez o mundo melhor.</div>Bruno Montarroyoshttp://www.blogger.com/profile/02780244964291070484noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2824882089569264684.post-43158065460707608382011-07-08T15:43:00.002-03:002011-07-20T14:58:47.902-03:00Meu malvado favorito<div>Apesar de já ter assistido ao filme pelo menos umas cinqüenta vezes (graças à minha pequena Sofia), não é do senhor Gru que vou falar. Gostaria de pensar sobre outro vilão, outro criminoso, talvez você o conheça. Hoje ele é herói e muito provavelmente é assim que você o conhece, mas em sua época foi julgado, declarado culpado e condenado à morte, com o apoio do povo.</div><div></div><div>Existem as leis e os costumes. Existem os costumes aos quais chamamos bons. Costumes se tornam leis e leis se tornam costumes. Ambos nascem da necessidade ou com o objetivo de tornar a nossa vida melhor. Pena que tantas vezes tornam-se maiores, mais importantes que a própria necessidade ou o próprio objetivo que os gera. Assim, teremos sempre aqueles (humanos) que existem para proteger as leis e os costumes e aqueles que existem para proteger os seres, a vida, uma vida de qualidade. As leis e os costumes existem para os homens como os alimentos existem para os corpos. São meios para uma finalidade maior. Se os alimentos fossem o fim em si mesmos, ficaríamos protegendo os nossos pratos, cheios, protegendo inclusive de nós mesmos, até definharmos de fome.</div><div></div><div>Leis e costumes têm forte tendência de escravizar os homens a quem deviam servir para tornar-lhes melhor a vida. Na nossa história, várias pessoas precisaram descumprir as leis e costumes vigentes, e incitar os demais a descumprirem também, para que a vida pudesse suplantar os pré-conceitos. Para que a essência permanecesse superior à forma. Para que o fim continuasse fim e não fosse substituído pelo meio.</div><div></div><div>Bem, voltemos ao criminoso do qual eu quero falar: Jesus. Já ouviu esse nome? Te choca chamá-lo de criminoso? Vou tentar me explicar. Jesus descumpriu algumas leis em sua época. Ele realizou ações que pelas leis de sua época eram consideradas infrações. Você sabe que ele foi crucificado. E, levando em conta as leis do seu contexto, a sua condenação não foi "injusta". Ele foi condenado e morto "legalmente". Até nos momentos finais de seu julgamento, cumprindo, já naquela época, com o mais perfeito rigor democrático. O representante do povo (político) perguntando à multidão: - Que farei desse Jesus, chamado Cristo? e o representado (povo) deu o seu voto unânime: - Crucifica! Não houveram pronunciamentos contrários à condenação, pelo menos não que tenham sido registrados. Tratava-se de um perfeito criminoso. Havia grande desejo tanto por parte do poder como por parte do povo de que fosse punido pelos seus crimes. E assim foi.</div><div></div><div>Hoje é muito fácil dizer que "Jesus é meu herói". O difícil é se permitir pensar nas seguintes questões: Nos dias de hoje, tem alguém realizando atividades semelhantes as que Jesus realizou em seu tempo? Quem? Eu estou apoiando as atividades dessas pessoas ou condenando? Elas parecem heróis para mim ou criminosas? Eu procuro fazer o mesmo que elas fazem (seguir)?</div><div></div><div>Havia um comércio que dava muito dinheiro a quem tinha muito dinheiro e tornava o pobre mais pobre. </div><div></div><div>Marcos 11: 15 Chegaram a Jerusalém. Jesus entrou no Templo e começou a expulsar os que vendiam e os que compravam no Templo. Derrubou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos vendedores de pombas. 16 Ele não deixava ninguém carregar nada através do Templo. 17 E ensinava o povo, dizendo: «Não está nas Escrituras: 'Minha casa será chamada casa de oração para todos os povos'? No entanto, vocês fizeram dela uma toca de ladrões.» 18 Os chefes dos sacerdotes e os doutores da Lei ouviram isso e começaram a procurar um modo de matá-lo. Mas tinham medo de Jesus, porque a multidão estava maravilhada com o ensinamento dele. 19 Ao entardecer, Jesus e os discípulos saíram da cidade.</div><div></div><div>O povo gostava dos ensinamentos de Jesus, e de suas ações. Eram ensinamentos e ações que promoviam o bem, a igualdade, a justiça, o amor. O problema é que suas ações mexiam nos bolsos dos grandes e os doutores eram logo convidados a usar a Lei (usada apenas pelo que está escrito, sem considerar os porquês de estar escrito). Começaram a acusar Jesus de infrator e assim a coisa mudou. Quando colocaram os costumes, muitas vezes ultrapassados em seus objetivos de tornar a vida melhor, acima desses objetivos, acusando <span style="color: black;">aquele que estava agindo diferente do que a Lei ordenava, o próprio povo se voltou contra aquele que estava sendo taxado como criminoso</span>. Ninguém quer estar vinculado a alguém que é chamado de infrator, criminoso. Então a sugestão de condenação foi aceita e o povo passou a condenar também. Condenar é muito fácil. Se juntar a uma maioria que condena é cômodo. Difícil é ter opinião própria, enxergar com os próprios olhos, e aceitar o compromisso de defender a vida, o ser, ainda que façamos parte da minoria que é taxada de infratora, criminosa, pervertida.</div><div></div><div>O que estou querendo dizer com tudo isso? Ainda não caiu a ficha? Pense um pouco... Reflita um pouco... Procure pessoas, grupos, movimentos que estejam sendo taxados como infratores, criminosos, maginais, mas que, de repente, podem estar praticando as mesmas atividades que Jesus praticou, em defesa dos fracos, da justiça, da equidade. Será que isso existe hoje? Desconfio que sim. Dizer Jesus é meu herói, sem falsidade, seria buscar fazer o que ele faria hoje e não simplesmente vibrar pelo que ele fez no passado. Se já tem gente fazendo isso hoje, podemos nos juntar. A não ser que você prefira esperar quando eles não forem vistos mais como criminosos e forem chamados de heróis. Mas nesse ponto, o galo já terá cantado. Leia também: <a href="http://querosermaishumano.blogspot.com/2009/09/seguidores-dos-que-ja-foram.html">Seguidores dos que já foram</a>.</div>Bruno Montarroyoshttp://www.blogger.com/profile/02780244964291070484noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2824882089569264684.post-91756755752574493082011-07-01T20:06:00.002-03:002011-07-02T12:04:56.089-03:00Não vou nada bem !<div style="text-align: justify;">Vocês não sabem de nada, hoje vi aquele nosso colega de infância, o Carlos. Ele está muito bem, viu! Mora em um apartamento de luxo e anda por aí em um carro caríssimo.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Talvez você já tenha presenciado algum comentário parecido com esse acima. Eu pensava nisso quando estava no ônibus hoje, voltando para casa, vindo do trabalho. É interessante como ainda associamos o "bem estar" a posses materiais. Poderíamos encontrar um antigo conhecido na rua e, baseado em sinais de sua riqueza, o termos como alguém que está bem. A sua riqueza poderia ter sido lícita ou ilícita, mas continuaria sendo alguém que está muito bem.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Ser possuidor de riqueza, mesmo em uma sociedade tão racional, ainda é indicativo de bênção divina, de sucesso, de alguém vitorioso. De fato, existem muitos casos em que a riqueza é sim resultado de muito trabalho, honesto, dedicação, esforço. Mas nem sempre. Também existem os casos em que a pobreza é resultado de comodismo e vagabundagem, mas geralmente é mesmo a falta de oportunidades que determina a pobreza.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Sabem o que me despertou esses pensamentos no ônibus? É engraçado! Vez por outra encontro alguém conhecido em ônibus e sou questionado: cadê o carro? Bem, ando mais de ônibus do que de carro. Vários motivos. Horários que me permitem ir sentado sempre, linhas que não demoram a chegar à parada, possibilidade de liberdade (gosto de voar em meus pensamentos, cochilar, ler, me distrair bastante, escolher em que prestar atenção na viagem, coisas desse tipo) e ainda por cima será um carro a menos na rua. Não sou fã de dirigir em cidade, também. Acho que sou um velho. Já me disseram isso muitas vezes. Além de minhas andanças de ônibus, não sou alguém que vive comprando roupas, celulares legais. Abandonei relógio de pulso há algum tempo e estou louco para abandonar meu celular. Quero menos coisas para estarem me preocupando. Tá vendo que sou mesmo velho? Aí hoje cheguei a uma conclusão que muita gente que eu encontrar na rua vai ter certeza que eu "não vou nada bem".</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">E o pior é que para muita gente eu nunca irei nada bem mesmo porque não pretendo começar a me interessar por essas coisas. Não tenho nada contra essas coisas, mas é que a minha velhice precoce não deve se dispor a abrir muito espaço para elas. Continuo na minha loucura de achar que a simplicidade da vida é um luxo que não quero abrir mão. A minha felicidade sempre se esbanjou das coisas simples e muitas vezes gratuitas da vida: um sorriso, uma árvore, uma poesia, nuvens, pássaros, perfumes, livros, música, carinho e coisas assim. Dessa forma alguém como Gandhi ou Jesus, para mim, será sempre o indicativo de sucesso, "bem estar", de alguém vitorioso e não um Steve Jobs ou Mark Zuckerberg. Sobre estes últimos não saberia dizer muita coisa, se são vitoriosos ou que vão muito bem, só que têm muito dinheiro.</div>Bruno Montarroyoshttp://www.blogger.com/profile/02780244964291070484noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2824882089569264684.post-19179517692842100872011-06-27T11:57:00.002-03:002011-06-27T12:56:25.651-03:00Onde estou, porquê vim e para onde vou? - Parte 3<div style="text-align: justify;">No ano de 2006 me juntei a um grupo de voluntários do <a href="http://www.midiaindependente.org/">Centro de Mídia Independente</a> (<a href="http://www.indymedia.org/">indymedia</a>), no coletivo Recife. Nas atividades dos CMI, convivia com ateus, budistas, espíritas, "Roqueiros da pesada", tatuados, homossexuais, enfim, uma variedade de gente e grupos, geralmente unidos em torno de um mesmo própósito: dar a sua contribuição para a construção de um mundo melhor para todos e todas.</div><br />
<div style="text-align: justify;">Como tinha dito antes, evangelho e evangelizar se tornaram coisas bem diferentes. Durante o meu tempo como voluntário do CMI, posso dizer que fui evangelizado por ateus, budistas e todos os demais grupos e pessoas que convivi. Pessoas que com o exemplo de suas vidas, de seu compromisso com a justiça, de seu altruísmo, de sua humanidade, me acordaram para a realidade de que quem estava seguindo o caminho dos passos de Jesus eram eles e não eu.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Passei toda a minha infância, adolescencia e parte da juventude dedicado às atividades das igrejas onde trabalhei e na atividade externa de "ganhar almas para Cristo". Mas agora estava percebendo o quanto os meus passos estavam distantes das marcas das pegadas deixadas por Jesus. Ele tinha andado por caminhos bem diferentes. Ele tinha andado pelos caminhos que a maioria de nossas igrejas, infelizmente, tem evitado. Ele estava ao lado das pessoas que eu aprendi a evitar em minha vida religiosa. Ele lutava por causas que não estão na pauta da maioria de nossas igrejas.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Estudei os profetas bíblicos e comparei as suas atividades à atividade de Jesus. Como é clara a mensagem. Como se torna claro o conteúdo da "Boa Notícia" trazida por Jesus, quando o buscamos sem os nossos pré-conceitos. E me perguntei: Quem está continuando a atividade principal exercida pelos profetas e por Jesus? E comecei a enxergar pistas para essa resposta em um lugar inusitado: fora da religião. Escrevi a minha monografia da Universidade Católica de Pernambuco: <a href="http://querosermaishumano.blogspot.com/2009/01/o-evangelho-fora-da-religiao.html">Profetismo e sociedade: O evangelho fora da religião</a>.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>[continua...]Bruno Montarroyoshttp://www.blogger.com/profile/02780244964291070484noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2824882089569264684.post-15961671246102770232011-06-12T13:12:00.000-03:002011-06-12T14:11:53.017-03:00Acabou!Ai que vontade de sorrir, gargalhar. De esquecer as testemunhas e simplesmente viver. Sem ter que contabilizar tanto as reações alheias. Negar-se esquecer a brevidade da vida e fugir do engano das preocupações e ansiedades com coisas pequenas. Sem medo de ousar. Sem medo de errar, pois no erro residem os mais sábios aprendizados sobre a vida. Bem, se não disse nada com nada é culpa dessa cerveja. Só queria publicar alguma coisa no blog à distância, mas digitar no celular é um saco. Principalmente no meu, bem básico. Inté!Bruno Montarroyoshttp://www.blogger.com/profile/02780244964291070484noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2824882089569264684.post-25524581361121007412011-06-09T23:45:00.000-03:002011-06-09T23:47:33.528-03:00VidaDe que valeria viver o pouco tempo de uma vida se não fosse para vivê-la intensamente?Bruno Montarroyoshttp://www.blogger.com/profile/02780244964291070484noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2824882089569264684.post-60884357310066260472011-06-09T13:09:00.002-03:002011-06-09T13:14:29.166-03:00Onde estou, porquê vim e para onde vou? - Parte 2<div style="text-align: justify;">Um ano depois, ano 2000, mudei o curso para Teologia. Algumas disciplinas e professores me proporcionaram um estudo mais crítico da Bíblia. Conhecer a história da formação e estabelecimento dos textos bíblicos foi um aprendizado importante. Saber ler o texto em seu próprio contexto foi outro importante aprendizado, assim como a crítica bíblica com o manuseio dos textos originais (grego e hebraico). Com o nascimento de Hanna, ano de 2001, e o processo crítico aguçado pelo qual eu estava passando no terceiro ano de seminário, os meus questionamentos passaram de coisas pequenas ligadas à praxis religiosa a questões relacionadas com a própria essência da religião.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O livro "As máximas de seminaristas" estava pronto, com capa e tudo, embora nunca tenha sido publicado. Ficou apenas em seu formato digital. Alguns comentários sobre o meu texto "Matando Deus para que ele viva" chegaram ao diretório acadêmico do seminário e me pediram permissão para publicar em seu jornal semanal. Foi publicado e iniciaram as reações, algumas muito positivas e outras bastante desaprovadoras. Normal.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Em 2003 iniciei a minha monografia de conclusão do curso, "<a href="http://querosermaishumano.blogspot.com/2009/01/juventude-e-alienacao-religiosa.html" target="_blank">Juventude e Alienação Religiosa</a>". A essa altura eu já havia decidido não depender de salário de igreja para viver. Na verdade decidi não receber salário de Pastor, para continuar livre para falar o que penso, sem muitas reservas. Não sou contra o salário pastoral. Não receber salário como pastor foi uma opção minha, para o que eu queria para mim no futuro. No segundo semestre de 2003 entrei no colégio pastoral da Primeira Igreja Batista em Bultrins, onde todos os pastores trabalhavam voluntariamente.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Em Bultrins pude me deparar mais de perto com a extrema pobreza. Em minha primeira semana como pastor, estava no sepultamento de dois adolescentes assassinados, quando, durante o sepultamento, assassinaram outro que estava presente entre nós. Em Bultrins aprendi a ser pastor não de uma igreja, mas de toda uma comunidade. Aprendi quão pouco tinha para contribuir e o quanto precisava aprender com aquelas pessoas sofridas. As condições difíceis não eram suficientes para lhes tirar a fé, a solidariedade e o carinho com que nos tratavam.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A minha experiencia religiosa, desde a minha mais tenra infância, as dificuldades de saúde de minha filha Hanna, a abordagem diferenciada aos textos bíblicos e a experiência direta com a realidade da extrema pobreza foram moldando em mim uma nova visão de evangelho. Evangelho se tornou algo bem diferente. Evangelho e evangelizar.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">[continua...]</div>Bruno Montarroyoshttp://www.blogger.com/profile/02780244964291070484noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2824882089569264684.post-14665570822661998542011-06-03T11:06:00.003-03:002011-06-03T11:15:52.472-03:00Onde estou, porquê vim e para onde vou? - Parte 1<div style="text-align: justify;">Estava por esses últimos dias tentando entender algumas de minhas decisões e posturas nos últimos anos. E quando digo últimos, estou me referindo a, pelo menos, os últimos dez anos. Não que eu não entenda, mas estava por querer fazer um exercício diferente: descrever com palavras e não apenas com os instintos e emoções. Não precisamos dar explicações para nós mesmos porque entendemos, instintivamente, o que fazemos. Mas na hora de tentar explicar para alguém... ah, isso é mais difícil.</div><br />
<div style="text-align: justify;">Vou tentar escrever, então, ou seja, descrever com palavras aquilo que para mim é muito claro. Quem me conhece nos dias de hoje, por vezes estranha o meu jeito de pensar, de me expressar, de ser. Por isso evito, sempre que conheço pessoas diferentes, de me apresentar como pastor batista, ou mesmo como evangélico. Deixo as pessoas descobrirem, depois de me conhecer, para não frustrar expectativas construídas pelo estabelecimento de um padrão bem diferente do que sigo. Ao mesmo tempo, também evito negar que sou pastor, até para mim mesmo, porque assim estaria negando as próprias motivações que me tornam "diferente" do padrão. Com "diferente" não quero dizer nada além disso, nem melhor, nem pior, apenas "diferente".</div><br />
<div style="text-align: justify;">Era o ano de 2001, quando um colega meu de curso no seminário (Eu estava no terceiro ano de seminário - Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil, em Recife) me convidou para compor um grupo de alunos que estariam escrevendo um livro intitulado "Máximas de seminaristas". O nosso querido professor João Ferreira estava apoiando o projeto e escreveria o prefácio. O tema a mim atribuído, simplesmente, "Deus". Ora, eu acabara de descobrir que a minha filha Hanna, apenas com alguns poucos meses de vida, estava com duas lesões cerebrais devido a problemas no parto, o que acarretaria em dificuldades por toda a sua existência. Hanna tinha, em média, dezoito crises convulsivas por dia. E estava iniciando tratamento com remédio controlado. E eu estava envolvido pelo jargão religioso que dizia que "quem serve a Deus é livre de todos os males". Escrevi o texto "<a href="http://querosermaishumano.blogspot.com/2009/01/matando-deus-para-que-ele-viva.html">Matando Deus para que ele viva</a>".</div><br />
<div style="text-align: justify;">Voltando um pouco no tempo, pensando sobre os motivos que teriam me levado até o Seminário, lembro de minha infância e adolescência, inteiramente dedicadas às atividades religiosas. Gostava do que fazia e o fazia com o coração ardendo de paixão e entusiasmo. Acreditava que todas as pessoas do planeta deveriam levantar as suas mãos dizendo: "Aceito Jesus" e dedicar as suas vidas às atividades religiosas, como eu mesmo procurava fazer. Através de leituras, decobri que a Índia seria a nação mais necessitada desse tipo de salvação e foi almejando dar a minha contribuição nessa "missão" que me matriculei no curso de Missiologia do Seminário.</div><br />
<div>[...] Continua</div>Bruno Montarroyoshttp://www.blogger.com/profile/02780244964291070484noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2824882089569264684.post-89688715958123503752011-05-26T08:55:00.001-03:002011-05-26T08:55:40.705-03:00É isso aí, Nassif - "Erros de Português" - Mais uma rapidinha!<div style="font-family:times new roman, new york, times, serif;font-size:12pt"><DIV>Estão querendo crucificar o Ministro Haddad pelos polêmicos "erros de português" no livro didático da rede pública de ensino. Um furacão de incompetência nas análises produzidas por interpretações descontextualizadas pela grande maioria de nossa imprensa e de alguns de nossos governantes.</DIV> <DIV> </DIV> <DIV>Leiam o texto de Nassif de ontem, em seu blog: <A href="http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/jornalistas-com-deficit-de-letramento">http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/jornalistas-com-deficit-de-letramento</A></DIV> <DIV>É importante que pelo menos alguns jornalistas se interessem em ler e se informar melhor antes de divulgar alguma notícia.</DIV> <DIV> </DIV> <DIV>Parabéns, Nassif!</DIV> <DIV> </DIV> <DIV>.</DIV></div>Bruno Montarroyoshttp://www.blogger.com/profile/02780244964291070484noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2824882089569264684.post-5002892638115382452011-05-24T08:45:00.001-03:002011-05-24T08:45:35.010-03:00Uma Rapidinha sobre a polêmica do livro didático do "português errado"<div style="font-family:times new roman, new york, times, serif;font-size:12pt"><DIV>A nossa querida imprensa sensacionalista uniu-se ao mote desinformado contra termos informais constantes nos livros didáticos aprovados pelo MEC. A nótícia não preciso muito detalhar porque está em todos os noticiários. O que acho absurdo é a ausência da pergunta que poderia suscitar alguma análise mais crítica do fato: Por quê? Vi publicados em vários jornais escritos (Estadão, Jornal do Brasil, etc.) e noticiado em diversos outros televisivos palavras contrárias, mas ainda não pude ler ou ouvir através da nossa querida imprensa gente explicando o porquê se chegou até aí e o que significa de fato o evento. Até o CQC, que curto bastante, entrou no clima da crítica hegemônica, sem se preocupar em entender, ouvir qualquer palavra de algum linguista. A proposta é resultado da luta dos linguistas. São eles os especialistas da língua e deveriam ser ouvidos. Abaixo, link de texto de Marcos Bagno, um dos linguistas mais renomados do nosso Brasil. Leiam e pesquisem mais sobre o assunto, já que a nossa imprensa não está lá muito preocupada em apresentar-nos todos os ângulos de uma notícia.</DIV> <DIV> </DIV> <DIV><A href="http://marcosbagno.com.br/site/?page_id=745">http://marcosbagno.com.br/site/?page_id=745</A></DIV></div>Bruno Montarroyoshttp://www.blogger.com/profile/02780244964291070484noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2824882089569264684.post-55259790642007239572011-05-23T18:47:00.001-03:002011-05-23T18:47:47.251-03:00Volto Já!!!<div class=WordSection1><p class=MsoNormal>Gentes Boas,<o:p></o:p></p><p class=MsoNormal><o:p> </o:p></p><p class=MsoNormal>Paciência! Estou passando por algumas mudanças na vida e logo retomarei às minhas publicações semanais às terças-feiras.<o:p></o:p></p><p class=MsoNormal><o:p> </o:p></p><p class=MsoNormal>Att,<o:p></o:p></p><p class=MsoNormal><o:p> </o:p></p><p class=MsoNormal>Bruno Montarroyos<o:p></o:p></p></div>Bruno Montarroyoshttp://www.blogger.com/profile/02780244964291070484noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2824882089569264684.post-45087550918427479952011-05-03T22:14:00.002-03:002011-05-03T22:14:53.037-03:00CARTA AO PRESIDENTE DOS ESTADOS UNIDOSPor Robert Bowman<br />
<br />
<br />
"Senhor Presidente:<br />
<br />
<br />
<br />
Conte a verdade ao povo, Sr. Presidente, sobre terrorismo.<br />
<br />
Se as ilusões acerca do terrorismo não forem desfeitas, então a ameaça continuará até nos destruir completamente.<br />
<br />
A verdade é que nenhuma das nossas milhares de armas nucleares pode nos proteger dessas ameaças.<br />
<br />
Nenhum sistema "Guerra nas Estrelas" (não importa quão tecnicamente avançado seja, nem quantos trilhões de dólares sejam despejados nele) poderá nos proteger de uma arma nuclear trazida num barco, avião, valise ou carro alugado.<br />
<br />
Nenhuma arma sequer do nosso vasto arsenal, nem um centavo sequer dos US$ 270.000.000.000,00 (isso mesmo, duzentos e setenta bilhões de dólares) gastos por ano no chamado "sistema de defesa" pode evitar uma bomba terrorista.<br />
<br />
Isto é um fato militar.<br />
<br />
<br />
Como tenente-coronel reformado e freqüente conferencista em assuntos de segurança nacional, sempre tenho citado o salmo 33:<br />
<br />
"Um rei não é salvo pelo seu poderoso exército, assim como um guerreiro não é salvo por sua enorme força".<br />
<br />
A reação óbvia é:<br />
<br />
"Então o que podemos fazer? Não existe nada que possamos fazer para garantir a segurança do nosso povo?"<br />
<br />
Existe.<br />
<br />
Mas para entender isso, precisamos saber a verdade sobre a ameaça.<br />
<br />
Sr. Presidente, o senhor não contou ao povo americano a verdade sobre o porquê de sermos alvo do terrorismo, quando explicou por que bombardearíamos o Afeganistão e o Sudão.<br />
<br />
O senhor disse que somos alvo do terrorismo porque defendemos a democracia, a liberdade e os direitos humanos no mundo...<br />
<br />
Que absurdo, Sr. Presidente!<br />
<br />
<br />
Somos alvo dos terroristas porque, na maior parte do mundo, nosso governo defendeu a ditadura, a escravidão e a exploração humana.<br />
<br />
Somos alvo dos terroristas porque somos odiados.<br />
<br />
E somos odiados porque nosso governo fez coisas odiosas.<br />
<br />
Em quantos países agentes do nosso governo depuseram líderes popularmente eleitos, substituindo-os por militares ditadores, marionetes desejosas de vender seu próprio povo a corporações americanas multinacionais?<br />
<br />
Fizemos isso no Irã quando os Marines e a CIA depuseram Mossadegh porque ele tinha a intenção de nacionalizar a indústria de petróleo. Nós o substituímos pelo Xá Reza Pahlevi e armamos, treinamos e pagamos a sua odiada guarda nacional Savak, que escravizou e brutalizou o povo iraniano para proteger o interesse financeiro de nossas companhias de petróleo.<br />
<br />
Depois disso, será difícil imaginar que existam pessoas no Irã que nos odeiem?<br />
<br />
<br />
Fizemos isso no Chile.<br />
<br />
Fizemos isso no Vietnã.<br />
<br />
Mais recentemente, tentamos fazê-lo no Iraque.<br />
<br />
E, é claro, quantas vezes fizemos isso na Nicarágua e outras repúblicas na América Latina?<br />
<br />
Uma vez atrás da outra, temos destituído líderes populares que desejavam que as riquezas da sua terra fossem repartidas pelo povo que as gerou.<br />
<br />
Nós os substituímos por tiranos assassinos que venderiam o seu próprio povo para que, mediante o pagamento de vultosas propinas para engordar suas contas particulares, a riqueza de sua própria terra pudesse ser tomada por similares à Domino Sugar, à United Fruit Company, à Folgers e por aí vai.<br />
<br />
De país em país, nosso governo obstruiu a democracia, sufocou a liberdade e pisoteou os direitos humanos.<br />
<br />
É por isso que somos odiados ao redor do mundo.<br />
<br />
E é por isso que somos alvo dos terroristas.<br />
<br />
<br />
O povo do Canadá desfruta da democracia, da liberdade e dos direitos humanos, assim como o povo da Noruega e da Suécia.<br />
<br />
O senhor já ouviu falar de embaixadas canadenses, norueguesas ou suecas sendo bombardeadas?<br />
<br />
Nós não somos odiados porque praticamos a democracia, a liberdade e os direitos humanos.<br />
<br />
Nós somos odiados porque nosso governo nega essas coisas aos povos dos países de terceiro mundo, cujos recursos são cobiçados por nossas corporações multinacionais.<br />
<br />
Esse ódio que semeamos virou-se contra nós para nos assombrar na forma de terrorismo e, no futuro, terrorismo nuclear.<br />
<br />
<br />
Uma vez dita a verdade sobre o porquê da ameaça existir e ter sido entendida, a solução torna-se óbvia.<br />
<br />
Nós precisamos mudar nossas práticas.<br />
<br />
Livrarmo-nos de nossas armas nucleares (unilateralmente, se necessário) irá melhorar nossa segurança.<br />
<br />
Alterar drasticamente nossa política externa irá assegurá-la.<br />
<br />
Em vez de enviar nossos filhos e filhas ao redor do mundo para matar árabes de modo que possamos ter o petróleo que existe sob suas areias, deveríamos mandá-los para reconstruir sua infra-estrutura, fornecer água limpa e alimentar crianças famintas.<br />
<br />
<br />
Em vez de continuar a matar milhares de crianças iraquianas todos os dias com nossas sanções econômicas, deveríamos ajudar os iraquianos a reconstruir suas usinas elétricas, suas estações de tratamento de água, seus hospitais e todas as outras coisas que destruímos e impedimo-los de reconstruir com sanções econômicas.<br />
<br />
Em vez de treinar terroristas e esquadrões da morte, deveríamos fechar a Escola das Américas.<br />
<br />
Em vez de sustentar a revolta, a desestabilização, o assassínio e o terror em redor do mundo, deveríamos abolir a CIA e dar o dinheiro gasto por ela a agências de assistência.<br />
<br />
Resumindo, deveríamos ser bons em vez de maus.<br />
<br />
Quem iria tentar nos deter?<br />
<br />
Quem iria nos odiar?<br />
<br />
Quem iria querer nos bombardear?<br />
<br />
Essa é a verdade, Sr. Presidente.<br />
<br />
É isso que o povo americano precisa ouvir."<br />
<br />
<br />
<br />
Robert Bowman voou em 101 missões de combate no Vietnã. Além de tenente-coronel e ex-combatente do Vietnã, é atualmente Bispo da Igreja Católica em Melbourne Beach, Flórida.Bruno Montarroyoshttp://www.blogger.com/profile/02780244964291070484noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2824882089569264684.post-68572487508273157332011-04-26T18:07:00.003-03:002011-04-26T18:12:50.984-03:00Que deputaria é essa?Hoje não estou afim de escrever nada. Dia de trabalho pesado! Aproveito, então para relembrar os pequenos versos que escrevi para o final do texto "<a href="http://querosermaishumano.blogspot.com/2009/07/novo-dicionario-da-lingua-parlamentar.html?utm_source=BP_recent">Novo dicionário da língua parlamentar</a>", que daqui a três meses vai fazer dois anos. Acrescento agora um pequeno glossário, para quem não tiver a curiosidade de ler o texto original.<br />
<br />
<br />
Que deputaria é essa?<br />
Que não segue os Nazarenos na missão<br />
Que judia de um povo que padece<br />
Filhodeputariando nosso pão<br />
<br />
Do próprio interesse enche a casa<br />
Deputa a esmo o encargo<br />
E aos cidadãos que lhe deram o doce<br />
Imputa-se o veneno amargo<br />
<br />
Se estás cheio<br />
Deputarias tu<br />
Teu valoroso voto<br />
A um prato raso de angu?<br />
<br />
E num contexto assim<br />
Bastante infilhodeputado<br />
Cabe a cada um de nós<br />
Prover um outro resultado<br />
<br />
<br />
GLOSSÁRIO<br />
<br />
<b>Deputaria</b>: Local onde se reunem os deputados; conjunto de deputados reunidos.<br />
<b>Nazareno</b>: Deputado (Nazareno Fonteles - PT) que renunciou a comissão de ética da câmara em 15 de julho de 2009, por esta ter absolvido o Deputado Edmar Moreira (Deputado do Castelo) - Leia: <a href="http://querosermaishumano.blogspot.com/2009/07/o-castelo-indestrutivel.html?utm_source=BP_recent">O Castelo Indestrutível</a><br />
<b>Filhodeputaria</b>: Filiação a um ou vários deputados, realizada por outro(s), vindo a se tornar em um verdadeiro ninho de cobra<br />
<b>Deputar</b>: [Essa está no aurélio] Delegar, incumbir<span style="color: #999999; font-size: 9px;"></span><span style="cursor: pointer;" title="Duplo clique para ver definição"></span><br />
<b>Infilhodeputado</b>: Infectado pela filhodeputariaBruno Montarroyoshttp://www.blogger.com/profile/02780244964291070484noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2824882089569264684.post-46008729248475975622011-04-19T22:32:00.002-03:002011-04-19T22:39:11.436-03:00Liberdade de Expressão<div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-6YR6DJ5MVbI/Ta443lgse8I/AAAAAAAABgc/pQHUbckQkvY/s1600/congresso.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="133" src="http://1.bp.blogspot.com/-6YR6DJ5MVbI/Ta443lgse8I/AAAAAAAABgc/pQHUbckQkvY/s200/congresso.jpg" width="200" /></a></div><br />
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<i><b>Essa parte veio bem a calhar no momento atual da oposição no Brasil. É um texto sobre a Liberdade de Expressão, a partir de "Sobre a Liberdade", de John Stuart Mill, que nos ajuda a refletir, dentre outras coisas, sobre a importância da oposição em um governo.</b> </i></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><i>Sobre a liberdade em Mill - Parte 4 (Penúltima)</i></div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;">Para que a essência dos conceitos seja mantida. Para que o seu sentido permaneça, é necessário haver liberdade de expressar todas as opiniões sobre esse conceito. Quando uma opinião está consolidada, quando não existe mais discussão sobre ela, deveriam “os mestres da humanidade tentar procurar um substituto para ela, algum plano que torne as dificuldades da questão tão presentes na consciência do discípulo como se lhe tivessem sido impostas por um paladino dissidente, ansioso por convertê-lo.”</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Aquilo que se possui de liberdade religiosa, segundo Mill, é uma herança dos grandes escritores. É na ousadia de alguns em ser diferente e expressar a sua diferença que o novo encontra forças para se estabelecer.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A seguinte pergunta é feita por Mill: “Será a ausência da unanimidade uma condição essencial do verdadeiro conhecimento?” E a resposta que oferece no decorrer de sua obra mostra-se em defesa desse argumento: Sim, a ausência da unanimidade é uma condição essencial do verdadeiro conhecimento. Ele cita Cícero, segundo maior orador da Antiguidade, “que deixou escrito que estudava sempre o caso do seu adversário com grande, se não ainda maior, intensidade do que o seu próprio”. Mill defende a liberdade individual de expressão como elemento de suma importância na construção do conhecimento e na preservação do gênero humano.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">“Se todos os homens menos um fossem de certa opinião, e um único da opinião contrária, a humanidade não teria mais direito a impor a esse um, do que ele a fazer calar a humanidade, se tivesse esse poder. [...] o mal específico de impedir a expressão de uma opinião está em que se rouba o gênero humano; não só a geração atual, como a posteridade”.</div><br />
<div style="text-align: justify;">Quando alguém impõe silêncio a qualquer discussão, arroga-se infalível. Essa presunção de infalibilidade em Mill “não é ter a certeza de uma doutrina [...] É a incumbência de decidir essa questão pelos outros [...]”.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Ao abrir espaço para as opiniões diferentes, permite-se certas possibilidades de contribuição dessas opiniões. O autor fala dessas possibilidades que a lógica negativa pode contribuir: A primeira é em que a opinião aceita é falsa e a lógica negativa fará emergir a verdade. A segunda é em que a opinião aceita é verdadeira e a discussão trará uma clara compreensão e sentimento profundo da verdade e a terceira é quando as duas opiniões trazem, cada uma, parte da verdade, onde o confronto conduziria à verdade plena.</div><div style="text-align: justify;">• Qualquer opinião que for silenciada pode ser verdadeira. Negar isso é pressupor que somos infalíveis;</div><div style="text-align: justify;">• Embora a opinião silenciada seja um erro, ela pode conter, como geralmente acontece, parte da verdade;</div><div style="text-align: justify;">• Mesmo que a opinião verdadeira seja a verdade completa, só através da sua contestação pode-se evitar que ela se mantenha como preconceito pela maioria dos que a aceitarem;</div><div style="text-align: justify;">• O significado da doutrina em si corre o risco de se perder ou enfraquecer, perdendo o efeito vital sobre o caráter e a conduta na ausência da contestação.</div><br />
<div style="text-align: justify;">“Há sempre esperança quando as pessoas são obrigadas a ouvir os dois lados; é quando prestam atenção a um só que os erros se transformam em preconceitos e a própria verdade deixa de ter o efeito de verdade, sendo exagerada ao ponto de se tornar numa falsidade.”</div>Bruno Montarroyoshttp://www.blogger.com/profile/02780244964291070484noreply@blogger.com0