“…Olha lá, que os bravos são
Escravos sãos e salvos de sofrer
Olha lá, quem acha que perder
É ser menor na vida
Olha lá, quem sempre quer vitória
E perde a glória de chorar…”
Los Hermanos
Gosto de filmes. Principalmente daqueles que retratam as nossas limitações, fraquezas, sentimentos. Filmes inteligentes e filmes bobos. E é por isso que geralmente costumo lembrar de cenas de filmes em vários momentos. Hoje me fizeram pensar sobre as coisas que perdemos. Por coincidência ontem, que já era hoje, estava assistindo “coisas que perdemos pelo caminho”. Fui interrompido de terminar de assistir por Sofia, minha filha, tossindo bastante. Espero terminar hoje.
Lembro-me de Forest (Forest Gump), em suas muitas despedidas da colega de infância, que também era seu grande amor. Do filho de Guido (A vida é bela) que observa o pai marchando de maneira descontraída e divertida, enquanto se despede para sempre. De Grace (Armageddon) despedindo-se de seu pai enquanto ele se prepara para dar a sua vida para salvar o planeta. De Landon (Um amor para recordar) recordando o grande amor da sua vida, que se foi ainda muito jovem. Do pai que abraça a filha (Crash, no limite) sentindo ser aquele o último abraço depois de um disparo de arma de fogo.
E quantas vezes não nos encontramos assim, parcialmente imobilizados pelos ventos vindos do passado, recente ou remoto, que levou consigo algo que não podemos recuperar? É o fim? Não. É o começo. O início de um novo caminho, ainda desconhecido e frio, mas também cofre de muitas coisas boas. E a vida não é mesmo assim? Não é do fim da semente que germina a nova vida? Ao dar o título à musica que fala sobre uma perda, Gonzaguinha a chamou “O Começo”. Linda música, por sinal, que conheço cantada à capela por ele mesmo.
“…do sofrimento também sai luz
As mais belas coisas nasceram da dor
Belos sentimentos fazem sofrer
Do sofrimento a beleza deve ter nascido do criador…”
As mais belas coisas nasceram da dor
Belos sentimentos fazem sofrer
Do sofrimento a beleza deve ter nascido do criador…”
Trecho de “dor, nascimento, beleza”, por Bruno Montarroyos
A vida não encerra naquele triste momento em que perdemos algo de valor. Ela só termina quando os nossos olhos estão incapacitados de observar a beleza do que ficou. E quando falo da beleza do que ficou não tenham dúvidas que estou incluindo as boas lembranças do que se foi.
3 comentários:
Perfeito Bruno!!!
"A vida não encerra naquele triste momento em que perdemos algo de valor. Ela só termina quando os nossos olhos estão incapacitados de observar a beleza do que ficou. E quando falo da beleza do que ficou não tenham dúvidas que estou incluindo as boas lembranças do que se foi."
A vida continua e continua bela a despeito da nossa dor, ou da morte de algo/alguém que amamos... E ter os olhos atentos e sensíveis apesar de todo sofrimento vivido, e fazer as pazes com o nosso passado vendo ainda beleza e carinho é saber viver, é fazer [re]nascer, e é [re]inventar-se!
"Atraversiamo!!"
"Se queres compreender o que é saudade/terás que antes de tudo conhecer/Sentir o que é querer e o que é ternura/e ter por bem um grande amor ,viver/Então compreenderás o que é saudade ,depois de ter vivido um grande amor:Saudade é solidão/melancolia/É nostalgia/é recordar /viver."Foi a trilha sonora escolhida por mim para seu texto.Abraços
Muito grata pelo texto, pelo começo depois da perda, pelas belas lembranças do que se foi, e pela força para acreditar no novo caminho!
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