Por Bruno Montarroyos
Certo casal tinha três filhos da
mesma faixa etária e de mesmo porte. À hora das refeições, o primeiro punha em
seu prato 80% da comida disponível na panela. Os 20% da comida restante era
igualmente distribuído pelos demais membros da família: o pai, a mãe, que se
chamava Democradura, e os dois irmãos do primeiro que se serviu. Os pais
tentaram convencê-lo a ter mais consciência, mas sem sucesso. Com o tempo, os
irmãos subnutridos até tentaram impedir o irmão egoísta e obeso a continuar cometendo
tamanha injustiça. Tentaram se servir antes dele, mas estavam tão fracos que
eram jogados longe pela sua força.
Alguém que
soube o que estava acontecendo advertiu os pais: - Vocês deveriam estabelecer o
limite da comida que ele pode colocar no prato. Mas os pais o questionaram:
Isso não seria privar-lhe de liberdade? A liberdade de poder comer o quanto
quiser e conseguir? Não seríamos ditadores? Além disso, se ele consegue, pela
sua própria força, continuar fazendo isso e seus irmãos não conseguem o mesmo,
logo, ele deve merecer o pagamento pelos seus esforços. Se os irmãos dele se
esforçarem, chegarem à panela primeiro que ele, conseguirão também fazer o
mesmo. Por enquanto não estão se esforçando. Um dia, Acreditamos que esse irmão
mais forte vai estar tão satisfeito, que naturalmente vai sobrar mais comida
para seus irmãos.
Em uma outra
família, de igual formação, onde estava ocorrendo exatamente a mesma situação, e
onde a mãe se chamava Ditacia, os pais intervieram e não mais permitiram a divisão
desigual e injusta. O irmão egoísta revoltou-se e saiu gritando na rua: - Os
meus pais me tiraram a liberdade até de comer. Não posso me servir como quero;
E as pessoas na rua ficaram revoltadas com a notícia, e diziam: Que pais
autoritários! que ditadores!
E assim seguiam
as duas famílias: A primeira família, onde um membro estava obeso e quatro
subnutridos. Esta família tinha fama de democrática. E a segunda família, a que
todos estavam bem alimentados, mas que tinha a fama de viverem uma ditadura.
Tanto que um chefe de uma terceira família se interessou de encontrar outras
famílias que o apoiassem na causa do irmão que gritava na rua clamando por
justiça. Eles iriam invadir a casa para estabelecer a democracia. O chefe desta
terceira família iria também aproveitar o ensejo para se apropriar se uma vaca
leiteira da família que seria o alvo da “ajuda”. Essa vaca ajudaria muito a sua
própria família, pois o leite é um item que mais esta tem carecido. Mas o seu
interesse pela vaca ele não precisava expor para ninguém, pois precisava
convencer a todos que o motivo da invasão era salvar aquele irmão que está
sendo privado de sua liberdade.
Tal contexto
dividiu a opinião de muita gente. Juntaram-se muitos ao chefe da terceira
família e criaram o movimento dos defensores da democracia, da liberdade e da
família. Outros, olhavam para aqueles quatro membros subnutridos da primeira
família, e tendo-os ouvido e ouvido também os membros da segunda família,
aquela do irmão obeso que gritou na rua, lutavam por uma distribuição melhor e
mais justa. Os pais da primeira família continuavam acreditando na justiça de
suas ações e jamais tirariam a liberdade de seu filho obeso, por seu próprio
mérito, conseguir uma porção maior de comida. Os seus dois irmãos continuaram fracos
e sentindo-se injustiçados. Começaram até a fazer alguns saques na rua para
tentar conseguir um pouco do que lhes faltava. O obeso da segunda família
continuava ganhando adeptos, junto com o chefe da terceira família, para
estabelecer a democracia em cada vez mais lares afetados pela ditadura. Esta
parceria serviu-lhes bem, comida em abundância ao obeso e novas vacas leiteiras
ao lar do chefe da terceira família. A parceria deu tão certo, que já não
precisavam eles mesmos ficarem tentando “fazer a cabeça” dos membros de outras
famílias. Compraram canais importantes de TV, jornais, revistas, formadores de
opinião, educadores e muito mais e conseguiam chegar com as notícias que
queriam, do jeitinho que queriam em cada casa.
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