Bem-vindo ao nosso Blog

Que bom você por aqui. Sinta-se em casa. Espero que as nossas humanidades se encontrem aqui. Neste blog você encontrará textos sobre assuntos variados que traduzam com palavras simples e críticas esses caminhos e descaminhos que a humanidade percorre na estrada da vida, expressos através de um desejo profundo e intimamente meu: Quero ser mais humano: menos hipocrisia, menos espiritualidade alienante, menos moralidade vazia, muito mais HUMANO."

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Uma Viagem à Alterlândia

Que cena espetacular aquela! Ônibus e bicicletas circulando lado a lado na mais perfeita harmonia. Não havia ciclovias. As mesmas estradas eram solidariamente compartilhadas por todo o tipo de veículos e o trânsito fluía livremente. Havia pouquíssimos carros particulares. Nunca pensei ver um transporte público tão eficiente em uma cidade tão grande como aquela. – Boa noite, senhor, é um prazer tê-lo aqui, disse o motorista do ônibus que acabara de entrar. Pensei que ele tinha me confundido com alguém importante. Logo depois perceberia que era a forma que ele tratava a todos, falando sempre com muita simpatia. Perguntei-lhe como é que eu poderia pagar, já que não vi o cobrador. Ele sorriu com uma expressão desconcertada e respondeu: - Já está pago, senhor: os impostos, lembra? Não discuti e logo sentei sem entender direito o que se passava. Desci numa parada em frente a um hospital e resolvi conhecer. Pela fachada pensei se tratar de um desses enormes hospitais particulares de luxo a que tem direito apenas aqueles que podem pagar por planos de saúde caríssimos. E de fato era um hospital de luxo. O atendimento era perfeito. Os funcionários pareciam estar realmente unidos no importante serviço de recuperação daqueles pacientes. Perguntei a uma moça que estava saindo se aquele era realmente um hospital particular. Ela franziu a testa e repetiu as minhas ultimas palavras em tom de interrogação: - Hospital particular? Senhor, perdoe-me, mas não existe hospital particular. Hospital é para todos, não pode ser particular. Saí daquele lugar e sentei em um banco onde havia um casal de velhinhos também sentados. Eles pareciam um casal de namorados e decidi interrompe-los um pouco para tentar sair daquele emaranhado de dúvidas em que me metera. Narrei-lhes a minha experiência no ônibus e no hospital e perguntei a eles se aquela cidade sempre foi assim. Eles me falaram que apenas os velhos poderiam me responder isso por experiência própria, pois teriam vivido em uma época em que as coisas eram bem diferentes. Disseram-me que tudo mudou quando o povo resolveu exigir que a carreira política fosse almejada com outras intenções e para isso estabeleceram algumas regras para as próximas eleições. Os candidatos eleitos para assumirem os cargos deveriam se adaptar a novas condições. Nenhum representante do povo pertencente aos poderes executivo, legislativo ou judiciário pode, enquanto estiver sob a investidura do cargo, se utilizar livremente de transporte particular, exceto por um dia em cada semana. Deverá utilizar a rede de transporte público como qualquer outro cidadão. Também não pode possuir plano de saúde e nem usufruir serviços de hospitais que não sejam públicos. Isso se aplica também à sua família. Seus filhos serão obrigados a estudar em colégios públicos e não terão qualquer prioridade na obtenção de vagas. E as condições impostas caminhavam nesse sentido de fazer com que os políticos dependessem do sistema que eles foram escolhidos para administrar. O povo decidiu isso porque não tinha sentido eleger representantes que não tivessem as mesmas necessidades do povo. E a partir daí os serviços públicos relacionados à educação, saúde, transporte, segurança, tudo enfim, começaram a melhorar e naturalmente caiu a procura pelos serviços oferecidos pela iniciativa privada, relegando-a ao esquecimento. Isso fez com que fossem reduzidos os desvios de verbas e outras formas ilícitas de ganhos pelos políticos, já que eles não queriam arriscar a si mesmos e aos seus dependerem de um serviço ruim na área da saúde, por exemplo. Aquele casal de velhinhos me disseram que até as eleições foram mais tranqüilas, sem muita disputa e as pessoas que se ofereciam como candidatos eram pessoas de fato comprometidas com o interesse de lutar por uma vida mais digna a todos. Quando acordei foi impossível não pensar: Já que os nossos impostos pagam passagens aéreas para esses nossos representantes e suas famílias passearem, vamos exigir que chegue às mãos de cada um deles passagens com destino a um mundo melhor para o povo a quem eles deveriam servir. Uma viagem que saia da Egolópolis onde eles estão até essa terra sagrada que conheci em sonho e que se chama Alterlândia.

5 comentários:

Iara disse...

Perfeito esse texto amigo.. há um mês comentei exatamente isso com meu irmão... queria v se tivesse uma lei obrigando todos os politicos e seus respectivos cargos a usufruirem dos serviços públicos, ía continuar acontecendo essa vergonha que vivenciamos.

Anonymous disse...

Gostei muito do texto, Bruno. Parabéns!

Ass.: Joao Victor

Anonymous disse...

Muito bom, Brunão !

Até+!
Morais (em São Paulo)

Anonymous disse...

Caro Bruno,

Deus te inspirou a construir um texto simples, porém direto. Seria bom se você fizesso com que esse texto alçasse vôos maiores. Faça-o publicar!

Deus o abençoe!

Ivanildo
João Pessoa/PB

Bruno Montarroyos disse...

Magnífico, estamos devagar caminhando à Alterlândia. O nosso senador Cristovam Buarque está com um projeto de Lei que obriga os agentes públicos eleitos a matricularem todos os dependentes em escolas públicas. Vejam o Projeto de lei na íntegra em: http://legis.senado.gov.br/mate-pdf/10943.pdf