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Que bom você por aqui. Sinta-se em casa. Espero que as nossas humanidades se encontrem aqui. Neste blog você encontrará textos sobre assuntos variados que traduzam com palavras simples e críticas esses caminhos e descaminhos que a humanidade percorre na estrada da vida, expressos através de um desejo profundo e intimamente meu: Quero ser mais humano: menos hipocrisia, menos espiritualidade alienante, menos moralidade vazia, muito mais HUMANO."

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Seguidores dos que já foram

Vai dizer que nunca viu ninguém usando uma camisa com a famosa foto do Che Guevara? Claro que sim! Virou moda. De criminoso perigoso e procurado a herói. Quem usaria uma camisa assim naquela época em que ele ainda vivia? Mas morto não faz medo a ninguém. Aliás, parece que a representação do poder aprendeu bem essa lição. Hoje transformam qualquer mártir revolucionário em comércio sem medo de serem vítimas dos seus póstumos discursos.

Fala-se na TV do aniversário da morte de Dom Helder Câmara. Como é bom assistir nos meios de comunicação tantas homenagens a essa extraordinária figura. Observo, no entanto que o personagem apresentado e homenageado é, na verdade, um recorte que não incomoda. Bem diferente do que o foi em vida. Aquele incomodava sim, muita gente. Incomodava quem estava no poder, a praticar injustiças contra os mais fracos. Os militares que conduziam projetos subliminares de exploração estrangeira.

Muitos foram os personagens que conquistaram milhões de seguidores depois de haverem morrido. Líderes políticos, religiosos, artistas, astros, poetas e muito mais. Como diz Zeca Baleiro “poeta bom, meu bem, poeta morto”. Quantos seguiam publicamente a Jesus durante o seu processo de morte? Quantos ousavam ostentar os seus discursos e exemplos naqueles momentos? Hoje pode-se usar uma camisa vermelha com uma foice e um martelo estampados em preto. Pode-se usar o nome “Jesus” em uma infinidade de produtos vendidos livremente no templo... ops! quis dizer no mercado, camisas de Antônio Conselheiro, broches do Che, livros sobre o Marighella, etc.

Os meios de comunicação transformam o discurso revolucionário em propaganda comercial. Ideais reacionários em favor de um sistema mais igualitário tomam a forma de modismo superficial vendável. E os autores originais desse sucesso tardio jamais terão a oportunidade de esclarecer o engano interpretativo de suas próprias palavras e vida.

Tudo isso me faz pensar, por exemplo, em movimentos atuais como o MST, duramente acusado pela mídia corporativa como grande perturbador da ordem social. E chegar a triste conclusão de que a partir do dia em que for anunciado o sepultamento do movimento, iniciar-se-á o seu processo de beatificação. Pouco tempo depois teremos um comércio cheio dos produtos do MST e uma imprensa dedicada em produzir matérias especiais sobre o movimento popular que lutou pela reforma agrária e por tantas outras reformas em nossa história brasileira, assim como fazem com o nosso herói tardio Chico Mendes, silenciado pelo mesmo sistema que hoje o homenageia.

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