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Que bom você por aqui. Sinta-se em casa. Espero que as nossas humanidades se encontrem aqui. Neste blog você encontrará textos sobre assuntos variados que traduzam com palavras simples e críticas esses caminhos e descaminhos que a humanidade percorre na estrada da vida, expressos através de um desejo profundo e intimamente meu: Quero ser mais humano: menos hipocrisia, menos espiritualidade alienante, menos moralidade vazia, muito mais HUMANO."

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Sobre Moleskines, Cíceros e Gandhi

Alguém sabe o que é um moleskine? Bem, quem quiser saber melhor que procure na net, mas em resumo é uma marca de cadernos italianos do qual fazem uso escritores e intelectuais em geral. No passado teriam usado moleskines vultos como Van Gogh, Picasso, dentre outros. A preferência se dá pela qualidade do material que garante alta durabilidade. Dizem haver em museus moleskines desses grandes nomes citados anteriormente, intactos. Descobri isso porque fiquei interessado em conseguir um caderno igual ao que vi em um filme. Não conseguia achar em lugar algum, livrarias e papelarias em Vitória do Espírito Santo e em Recife, capital pernambucana. Na internet, tempos depois, descobri que estava procurando um “moleskine”. Assustei-me ao ver o preço, em torno de R$ 70,00 o modelo que eu queria, médio, 90 páginas, sem pauta. Depois pude vê-los na livraria cultura, mas não tive coragem de comprar.

O fato é que eu queria um caderno naquele formato para escrever. Queria voltar a exercitar a escrita à mão. Queria experimentar a liberdade de estar na rua escrevendo, em qualquer lugar, sem medo algum de que me seqüestrem o texto ainda inacabado (coisa que poderia acontecer ao estar com um notebook na praia, por exemplo), bem como desfrutar do prazer de guardar esses escritos para que os meus filhos e netos pudessem ver futuramente. Bem, depois de mais uma longa jornada, deparei-me com o chamado “moleskine brasileiro”, fabricado pela Cícero Papelaria. Comprei-o por R$ 33,00 na IdeaScrap, aqui em Recife. Depois pude encontrá-los também na Mon Papier, recém inaugurada na Avenida 17 de Agosto.

Fiquei feliz com a descoberta, principalmente pela possibilidade de usar um produto nacional, sem abrir mão da qualidade.

Isso me fez lembrar Gandhi, já desprovido de seus ternos ingleses, vestindo-se de tecidos nacionais indianos, convocando todo o seu povo a fazer uma grande fogueira com os produtos têxteis de origem britânica. A atitude radical era justificada pela violência da colonização inglesa na Índia e pelas graves conseqüências sociais àquele povo sofrido. Foram atitudes como essa que em conjunto possibilitaram à Índia alcançar pacificamente a sua independência, concedendo aos colonos ingleses passagem de volta à sua terra natal.

Sei as dificuldades que envolveriam uma atitude de se valer tão somente de produtos nacionais em detrimento dos importados. Mas não deixa de ser importante pensarmos sobre essas coisas. Por que os países mais ricos gostam de comprar dos mais pobres itens como frutas de qualidade e matéria prima a preço de banana do passado e gostam igualmente de vender a esses países produtos industrializados a preço de tecnologia do futuro? Até quando castraremos o potencial da produção nacional através do favorecimento do produto estrangeiro? O Brasil é riquíssimo e possui um povo criativo e inteligente, capaz de produzir excelentes produtos para o seu mercado doméstico. Claro que o aumento da qualidade dos produtos requer demanda suficiente que possa ser revertida em investimentos.

Tudo isso para dizer que estou feliz com o meu Cícero e que você não se arrependerá se trocar o seu italiano por um brasileiro. Nos textos 10-construir 10-igualdades e 10-construir 10-igualdades – continuação, postei fotos dos originais escritos em meu Cícero (Caderneta de desenho, sem pauta, 112 páginas, papel alcalino 90g/m2, 14x21cm).

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